"A Verdade não precisa de defesa; por si mesma ela se defende. A Verdade precisa ser proclamada!"

05 abril 2010

A cruz de Jesus e a nossa

Por Folton Nogueira *

Embora não saibamos ao certo se a cruz que o Senhor Jesus carregou já estava montada ou era apenas a trave horizontal, temos certeza de que era pesada.
Jesus era carpinteiro e, apesar de usar boa parte das ferramentas de um carpinteiro de hoje, não contava com as mesmas facilidades. Se muito, encontrava um madeireiro. Porém, é mais provável que tivesse de derrubar e trazer a árvore.

Embora até pudesse confeccionar móveis o carpinteiro de então trabalhava mais com a construção de casas. Era quem escolhia as vigas de sustentação da cobertura, que geralmente era feita de barro sobre uma estrutura muito parecida com a que hoje usamos para o estuque. Assentava as vergas e os umbrais das portas e das janelas.

A palavra carpinteiro aparece no Evangelho de Mateus, referindo-se a profissão de seu pai José e no Evangelho de Marcos referindo-se a sua própria profissão. Em ambos traduz a palavra grega tekton, de onde vem nossa palavra arquiteto. Ou seja: Construtor. E isso se coaduna bem com sua declaração “vou preparar-vos lugar”.

O Verbo de Deus, sem cuja participação nada foi feito, ao tomar nossa natureza, toma também a profissão de construtor. E, voltando à casa do Pai, deixa-nos sua promessa de continuar construindo. Agora, a nossa casa.
Não devemos imaginar-lhe com o porte quase feminino retratado na maioria dos filmes. Ele era tão musculoso quanto os trabalhadores braçais de então. Isaías falando dele disse que ele era: “homem de dores e que sabe o que é padecer”.

Homem forte e acostumado a esforços, entretanto não conseguiu carregar a cruz que lhe foi posta aos ombros. Pelo menos não conseguia carregá-la com a velocidade que os soldados romanos impunham e foi ajudado por Simão Cireneu. Por que?

Desde a noite anterior ele estava sofrendo de muitas maneiras. Primeiro a falta de amigos que não conseguiam permanecer acordados. Depois as traições: o beijo de Judas, a negação de Pedro e a sublevação daqueles que deveriam zelar pela religião: seus levitas, armados de varas e porretes, o prenderam e espancaram. Seus sacerdotes e os demais membros do Sinédrio montaram um julgamento fraudado. Condenaram-no e o entregaram nas mãos de ímpios. 

E o que dizer da tortura e das zombarias? 

Mesmo que fosse apenas a parte horizontal da cruz, era pesada. Tão pesada que ele, acostumado a trabalhar com vigas, vergas, traves e aduelas, precisou da ajuda de Simão.

Não podemos esquecer também que junto com aquele pedaço de madeira, que pesava sobre as costas do Senhor, pesava também os nossos pecados. E este peso Simão, mesmo que fosse muito forte, não conseguiria agüentar. Simão levou a parte leve da cruz.

Apesar de não ser como a que Simão ajudou a carregar nem ter o mesmo propósito da que somente Jesus carregou, cada um de nós recebeu também uma cruz. Elas não salvarão ninguém, nem a nós mesmos. Mas nos manterão crucificados para o mundo e vivos para Deus. 

Elas atestam quem é o nosso Senhor: “os que são de Cristo Jesus crucificaram a carne, com as suas paixões e concupiscências” (Gálatas 5.24)

Nota: Texto gentilmente cedido pelo autor, e disponível originariamente em Folton

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