"A Verdade não precisa de defesa; por si mesma ela se defende. A Verdade precisa ser proclamada!"

26 novembro 2009

Por Que Precisamos de Avivamento?


  







Pr. Luiz Fernando Ramos de Souza

A vida da igreja no Novo Testamento foi marcada por uma dinâmica e compromisso que não vemos hoje em dia. Presenciamos gelo seco nos cultos, lutas de várias formas para atrair jovens em ringues dentro de igrejas, conversões espúrias que desonram a Cristo, oferecimento de libertações e vitórias que a Palavra não ensina. Tudo isso tem, mas não tem Jesus Cristo com seu poder para salvar o homem do pecado. Tem circo, mas não tem alegria no Espírito. Tem dança profética, mas não profecia. Tem atos proféticos, mas não profeta. Somente uma entrega absoluta de nós mesmos nas mãos do Espírito Santo poderá inverter o atual quadro da igreja. Cada vez que uma atrocidade é cometida por um neopetencostal, as igrejas históricas se fecham para tudo o que não podem definir. Colocam tudo o que Deus pode fazer dentro de uma camisa de força. Saiu disso, nada vale. Precisamos ver e entender que as atrocidades impetradas por pseudo-pastores desajustados emocionalmente e totalmente ignorantes da Palavra não são nossos balizadores, mas a Sua Palavra e aquilo que o Senhor vem operando na história. Precisamos de um avivamento. Precisamos de um soprar do Espírito Santo no meio da igreja do Senhor para que as cinzas sejam varridas para longe do salvos. Deus sempre, em momentos específicos, despertou sua igreja e a obra foi feita rapidamente. Em tempos específicos Deus sopra com seu Espírito e a igreja acorda, confessa pecados, multiplica-se em evangelismo e missões e sua presença se faz sentir de modo benfazejo. Tanto tradicionais como pentecostais admitem e aceitam que a igreja deve viver na dinâmica do Espírito Santo. Tanto pastores de igrejas históricas e de igrejas renovadas sabem que sem o agir do Espírito Santo tudo fica mecânico, difícil e sem brilho. Vejamos algumas considerações porque precisamos de um reavivamento.

1 – PORQUE A IGREJA PERDEU O FERVOR MISSIONÁRIO.

Cada ano que passa menos missionários são enviados para fora de nossas fronteiras e isso não mais nos incomoda. Cidades e regiões inteiras dentro de nossos estados e no mundo estão sem contato com o evangelho de Cristo. A igreja sofre de uma disfunção que poderíamos classificar de autofagia. Tem se alimentado de si mesma e está perdendo sua eficácia rapidamente. Já não consegue olhar para fora de si e ver que a seara está branca para ceifa. Somente trabalha para resolver seus problemas e isso tem satisfeito seus desejos. Já não se apresenta como a resposta para a perene pergunta de Deus: "Quem há de ir por nós?". O eis me aqui envia-me a mim é desconhecido de toda uma geração que cresce sem saber o que isso significa. Esta geração é autofágica. Devora-se a si mesma. Essa geração só pensa em dançar profeticamente, fazer atos proféticos, cura interior, batalha espiritual e em determinar as bênçãos de Deus. Esqueceu de levantar sua cabeça e ver que o mundo está indo de mal a pior. A resposta para as angústias e tragédias causadas pelo pecado está em Cristo e se Ele não for levado para cada ser humano, eles morrerão em seus pecados. A igreja não foi chamada para olhar para dentro de si mesma. Não foi chamada para se alimentar de si mesma. Israel foi chamado para fazer brilhar a luz de Deus. Israel deveria atrair as nações para Deus. Fracassou. A igreja foi chamada para ser a luz do mundo. Só que agora não deveria atrair, mas levar esta luz a todas as nações. Foi chamada para ser luz do mundo e uma luz acesa não se coloca debaixo de uma mesa, mas em cima para iluminar. No século XIX Deus enviou reavivamento no qual milhares de missionários foram enviados por todo o mundo. Poderia citar alguns: Jonatas Goforth (1859-1936) presbiteriano cheio do Espírito Santo trabalhou na China. Oswald Chambers (1874-1917) Batista cheio do Espírito Santo trabalhou no Japão e Egito. John Ryde (1865-1912) presbiteriano cheio do Espírito Santo trabalhou na Índia. Poderia discorrer sobre dezenas de outros, mas estes servem com bons exemplos. Sempre que o Espírito Santo sopra de forma peculiar a igreja sai de suas fronteiras e vê o mundo como seu campo de trabalho.

2 – PORQUE OS PÚPITOS ESTÃO VAZIOS DA PALAVRA.

Precisamos de um avivamento porque os púlpitos estão vazios da Palavra. Hoje quase que exclusivamente só escutamos mensagens de auto-ajuda. Pregações sem o mínimo de conteúdo bíblico, mas que atendem as necessidades de um mercado ávido e consumidor de novidades como os atenienses nos dias de Paulo. Este tipo de pregação preenche o vazio gerado pelo pós-modernismo, onde os valores absolutos foram explodidos e a relativização tomou o centro. Não se prega Jesus e a cruz, mas prega-se sobre Jesus e a cruz. A verdadeira pregação não consiste falar algo sobre Jesus ou a cruz, mas falar incisivamente sobre Jesus e sua obra na cruz. Daí termos um contingente de cristãos ocos, light, vazios de tudo aquilo pode ser estrutura para enfrentar os embates da vida. Cristãos totalmente alienados da vida. Não se pratica mais o sermão expositivo. Os pastores têm medo de se defrontar com todo um livro da Bíblia. Sabem que terão dificuldades em explicar algumas passagens que são contra aquilo que vêem pregando há anos. Com isso a prática de um bom preparo para o sermão foi esquecida. Muitos pastores abrem a Bíblia na hora da pregação e pregam de qualquer jeito. Muitos criticam um bom preparo do sermão dizendo que a unção do Espírito Santo anula o esforço do preparo. Quero lembrar que a unção do Espírito Santo ajuda, fortalece e favorece aquele que se empenhou em extrair da Palavra aquilo de Deus quis falar. A unção do Espírito vivifica aquilo que foi apreendido e compreendido através de um esforço diligente. O Espírito Santo não abençoe ou vivifica a preguiça, a incompetência e a indolência. Um grande exemplo que temos é o de Jônatas Edwards. É tido como um dos maiores filósofos e teólogos da América do Norte. Viveu um grande avivamento por volta de 1737 e no meio desse avivamento pregava sermões puramente calvinistas. Enquanto vivenciava o avivamento nutria o povo com bons sermões fundamentados em princípios sadios, históricos e bíblicos. Não via incompatibilidade entre teologia, doutrina e unção do Espírito Santo.
Hoje em dia os “pseudos-apóstolos” pregam muito no Antigo Testamento e como são castrados mentalmente espiritualizam tudo e tentam aplicar para hoje. Forçam o texto a dizer aquilo que ele não diz e afirmam ser mensagem ungida para igreja. O povo de Deus está morrendo de anemia por falta de alimento sadio. Paulo queria todo homem maduro em Cristo. Os dons ministeriais na igreja foram dados para que todo cristão possa desenvolver seu ministério. Paulo aconselha Timóteo a pregar sobre todo conselho de Deus. Precisamos de um reavivamento para que os púlpitos voltem a florescer com e pela Palavra de Deus.

3 – PORQUE AS REUNIÕES DE ORAÇÃO ESTÃO VAZIAS.

O profeta Joel fez um alerta a Israel que vale para nossos dias. Falava do dia do Senhor e candentemente apelava ao povo para rasgarem seus corações e não suas vestes e disse mais: “tocai a trombeta em Sião, santificai um jejum, convocai uma assembléia solene.
Congregai o povo, santificai a congregação, ajuntai os anciãos, congregai as crianças, e os que mamam; saia o noivo da sua recâmara, e a noiva do seu aposento.
Chorem os sacerdotes, ministros do SENHOR, entre o alpendre e o altar, e digam: Poupa a teu povo, ó SENHOR, e não entregues a tua herança ao opróbrio, para que os gentios o dominem; porque diriam entre os povos: Onde está o seu Deus?”.
Muitos acham que orar é somente pedir, reclamar, importunar Deus com nossos pedidos. Orar também é pedir, buscar e interceder, mas, além disso, é muito mais. Para mim orar é buscar intimidade com Deus. É se achegar ao Pai e aprender dele no sossego do nosso lugar secreto. Quem ama busca a companhia do amado. Temos um texto no sermão da montanha que me é muito especial. Está em Mateus 6:6 “Mas tu, quando orares, entra no teu aposento e, fechando a tua porta, ora a teu Pai que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará publicamente”. A construção no grego é fantástica. Ela diz assim: “Mas tu, quando orares, entra em teu aposento e, fechando a tua porta, ora a teu Pai que está em secreto; e teu Pai, que já está lá te esperando, te recompensará publicamente”. A idéia é que Deus já está nos esperando para aqueles momentos de comunhão, intimidade e relacionamento. Conta-se de G. Campbell Morgan, ministro inglês, esperava um pastor de outro país. Morgam disse à sua governanta para interrompê-lo quando o visitante chegasse. Ele entrou em seu escritório para orar às 7:00h e quando foi às 10:00h chegou o visitante. Sua governanta foi ao escritório chamá-lo, mas antes resolveu olhar pela fechadura para ver o que sucedia. O Dr. Morgan terminou de orar às 14:00 h e saindo do seu escritório perguntou sobre o visitante. Soube que ele já havia almoçado e o aguardava na sala. Irritado indagou porque não havia sido chamado na hora que o visitante chegara. A governanta lhe disse: às 10:00 h ele chegou. Fui avisá-lo, mas quando vi o Sr ajoelhado orando e seu rosto brilhando, não pude interrompê-lo. Sua comunhão com Deus era demais para ser interrompida. Falei com o visitante e ele compreendeu perfeitamente.
Quando entramos em comunhão com Deus parece que o tempo deixa de ser contado. Não percebemos que oramos tantas horas.
A igreja não sabe o que é buscar Deus somente pelo prazer de ter comunhão com ele. Aprendeu que orar é somente pedir. Precisamos de um avivamento para que nosso povo volte a orar. Volte a clamar por um mundo perdido. Para que nosso povo e ministros do altar chorem por uma visitação do Senhor. Os tempos são maus. As angústias aumentam. Sem oração tudo fica mais difícil.
A história mostra que antes dos avivamentos acontecidos houve um movimento de oração por parte da igreja. As vezes meses ou anos de oração antecederam os avivamentos. Mas quando chegou regiões e países inteiros foram despertados. Conversões verdadeiras aconteceram aos milhares. Igrejas foram cheias rapidamente por pessoas desejosas de um encontro com Cristo. Hábitos foram mudados e o temor do Senhor estava em toda parte. Os cultos duravam 4, 6 ou 8 horas ininterruptas.

4 – PORQUE MUITAS CONVERSÕES SE MOSTRAM ESPÚRIAS.

No Brasil têm acontecido conversões de pessoas famosas. Deus salva em qualquer esfera social. Louvamos a Deus pelas conversões verdadeiras. Mas algumas personalidades quando entram para igreja logo são jogadas na arena gospel e viram espetáculos. Sem nenhuma base doutrinária são consagradas pastores, como o caso do cantor Lázaro. Isso que fizeram com este cantor foi covardia. Mas algumas estrelas da mídia ao se converterem não demonstram mudança de vida. Descaradamente se dizem evangélicas e continuam sem mostrar arrependimento. Quando falam de seus passados não se envergonham de nada. Uma ex-atriz pornô que se diz convertida, disse não se envergonhar de seus filmes pornográficos. Outra manteve um caso com um presidiário do antigo Carandiru, tendo filhos com ele e dizendo-se cristã. Outra se deixou fotografar para revista masculina e quando foi interpelada sobre este novo trabalho fotográfico, pois era evangélica, disse que quem não quisesse ver estrelas que não olhasse para o céu.
Um evangelho desprovido de arrependimento e da cruz não poder gerar conversões genuínas. Um evangelho onde Cristo não é o Senhor só pode gerar conversões espúrias e difamatórias. Muitos confundem freqüentar igreja com conversão. As igrejas estão cheias de pessoas que irão para a perdição eterna. Mas os líderes querem seus ambientes lotados, seus gazofilácios cheios e muito movimento. Não mais importam se seus ouvintes são salvos ou não.
Precisamos de reavivamento para que as conversões se tornem em testemunhos brilhantes de mudanças de vidas. Conversões que apontem para suficiente graça de Deus. Conversões que honrem Jesus Cristo como Senhor de suas vidas.

5 – PORQUE A IGREJA FOI TRANSFORMADA EM MERCADO GOSPEL.

Querem transformar a igreja e um grande mercado. Criaram ou adaptaram o termo gospel para segmentar os evangélicos. Tudo hoje é gospel. Nunca houve na história da igreja tamanha banalização do sagrado como agora. Temos espaços gospel nas igrejas para vendas de produtos. Já não incomoda mais o lugar de culto também ser lugar de comércio. A ganância venceu o temor e a reverência. Cantores gospel dão shows. Agem como se fossem artistas mundanos. Cobram valores astronômicos para se apresentarem como se fossem especiais demais. Ficam milionários usando descabidamente o nome de Deus, cantando aquilo que deveria ser louvor a Deus. São nojentos e intragáveis a maioria desses cantores gospel. Suas músicas são afronta à glória de Deus. . As letras são ordinárias e ridículas. Ouvir causa náuseas em qualquer um. Suas posturas envergonham tudo o que é sagrado. Fico pensando: 1 – a vida que possuem vem de Deus. 2 – os talentos que apresentam vêem de Deus. 3 – as oportunidades são de Deus. 4 – os temas que abordam falam sobre Deus. No entanto, vendem tudo isso como se fosse deles. Barganham com tudo aquilo que receberam de Deus para seus próprios benefícios. Enriquecem-se rapidamente com aquilo que não lhes pertence e no final dizem que o Senhor os levantou como geração profética de adoradores. Que fazem tudo para glória de Deus. Precisamos de avivamento para que os pecados sejam confessados e abandonados no meio evangélico. Que a glória que pertence a Deus seja tributada somente a Ele. O que importa que Ele cresça e que eu diminua.
Há uma canção evangélica chamada Meu Tributo. Ela diz mais ou menos assim: “e se surgir um louvor ao Calvário seja sim”. Que verdade maravilhosa! Pena que foi esquecida. Para os cantores gospel os louvores surgem e eles ficam com ele, não os levam para o Calvário. O exemplo mais irritante disso é o chamado troféu talento. Essa idéia é mundana, perversa e nociva à igreja. Os agraciados recebem suas premiações, aplausos, louvores. Vivem seus 5 minutos de astros e com a maior “humildade” dizem que a glória é de Deus. Se a glória fosse para Deus nunca iriam lá receber troféu nenhum. Fico imaginando um troféu talento para pregadores do Novo Testamento. Apóstolo Paulo, destaque entre os apóstolos. Pedro, revelação na evangelização entre os judeus. Timóteo, jovem revelação como pastor. Revelação Dupla missionária, Paulo e Silas.
Ridículo isso. Ainda bem que é só imaginação.
Hoje promovem turismo em grandes navios para evangélicos. Roupas para evangélicos. Água evangélica e essa onda não tem mais onde parar.
Precisamos de reavivamento para a igreja deixar de ser mercado e voltar a ser corpo. Avivamento para que haja repulsa contra essa mundanização crescente no meio evangélico.

Tenho orado para chegue o avivamento. Para que o Senhor torne a visitar sua igreja e a faça acordar de seu sono letárgico. Oro para que as lideranças se conscientizem que não são donos das igrejas, mas pastores, servos e modelos para os cristãos.

Deus é Senhor de tudo. Com certeza Ele agirá.

Soli Deo Gloria.

Notas: 1 - Texto gentilmente pelo pr. Luiz Fernando Ramos de Souza, tutor do blog "Ministério Força para Viver", o qual poder-se-á ler originalmente AQUI
2 - A foto no alto não faz parte da postagem original.


13 novembro 2009

Presciência Divina x Arbítrio Humano

 Por Tiago Vieira

Escolhendo o sabor do sorvete

sorvete 

Considere o seguinte exemplo hipotético:
Amanhã você irá até uma sorveteria e escolherá entre vários sabores de sorvete.

Pois bem, por este simples exemplo, veremos que a presciência divina exclui o livre-arbítrio humano, e o livre-arbítrio humano exclui a presciência divina. Não há como os dois co-existirem.
Se Deus é presciente, se Ele sabe de antemão qual você escolherá, isso significa que você não fará, de forma alguma, uma escolha diferente. Se Ele sabe que você escolherá chocolate, então você escolherá chocolate. Não há a mínima possibilidade de você escolher morango ou creme, pois se fosse possível escolher algo diferente do que Deus previu, a presciência de Deus seria falha, e Deus não seria presciente de fato. Aquilo que Deus previu, inevitavelmente deve acontecer. Neste caso, então, a presciência de Deus destrói o livre-arbítrio humano.
Por outro lado, se você tem livre-arbítrio, isso significa que você é completamente livre para fazer qualquer escolha a qualquer tempo. Com o livre-arbítrio, sua decisão é soberana e imprevisível, e não há como Deus conhecê-la de antemão. Ele poderia prever, por exemplo, que você vai escolher morango, mas até o momento exato em que você fará a escolha, sua decisão pode mudar, e mudar até várias vezes, pois você é totalmente livre para isso. Você poderá escolher baunilha ou amendoim, frustrando assim a previsão de Deus. Neste caso, o livre-arbítrio humano destrói a presciência divina.
Portanto, não há como conciliar estas duas crenças opostas entre si: a presciência divina e o livre-arbítrio humano. Ou Deus conhece o futuro ou não conhece; e se Ele conhece, o futuro é inalterável. Portanto, não há como ser arminiano; não há como afirmar que Deus conhece o futuro por simples previsão, pois eventos livres não podem ser previstos. Ou você aceita a soberania de Deus sobre o arbítrio humano como ensinada pelo calvinismo, ou você cai no erro do teísmo aberto, que ensina que Deus não conhece totalmente o futuro e pode mudar de idéia conforme as circunstâncias.
Talvez aqui você esteja pensando: “tudo bem, eu concordo que não é possível prever um evento livre, mas no caso de Deus é diferente, pois Ele pode todas as coisas”.
Sim, é verdade que Deus pode todas as coisas, mas somente todas as coisas logicamente possíveis. Deus é lógico, nEle não há contradições ou paradoxos. Ele não pode fazer uma reta torta, nem criar uma pedra tão pesada que Ele mesmo não possa levantar. Ele não pode se contradizer afirmando e negando algo ao mesmo tempo e no mesmo sentido. Essa impossibilidade de contradição, porém, não nega a onipotência de Deus, antes a afirma.
Portanto, é impossível que Deus preveja um evento livre, porque eventos livres são logicamente imprevisíveis. Da mesma forma, é impossível que um evento seja livre se Deus o previu. Um evento previsto infalivelmente é um evento predeterminado, e não pode se alterar.
Então, das duas possibilidades (calvinismo e teísmo aberto, pois já demonstramos que o arminianismo é auto-contraditório) qual está de acordo com a Bíblia? O que ela ensina? Que o homem tem livre-arbítrio e que suas ações são imprevisíveis? Ou que Deus conhece o futuro e que, consequentemente, o homem não tem livre-arbítrio?
Vejamos:
Lembrai-vos das coisas passadas da antiguidade: que eu sou Deus, e não há outro, eu sou Deus, e não há outro semelhante a mim; que desde o princípio anuncio o que há de acontecer e desde a antiguidade, as coisas que ainda não sucederam; que digo: o meu conselho permanecerá de pé, farei toda a minha vontade; que chamo a ave de rapina desde o Oriente e de uma terra longínqua, o homem do meu conselho. Eu o disse, eu também o cumprirei; tomei este propósito, também o executarei. [Isaías 46:9-11]
A Bíblia é clara, Deus conhece previamente o futuro. Portanto, o teísmo aberto está excluído.
E quando afirmamos que Ele conhece o futuro, não nos referimos à mera presciência passiva, pois isto não existe, mas ao Seu decreto ativo. Ou seja, Deus sabe o futuro porque Ele decretou e tem o controle sobre os eventos. Em outras palavras, Ele sabe o que ocorrerá porque Ele próprio fará ocorrer.


07 novembro 2009

Frankenstein Teológico






Por Jorge Fernandes Isah


Há tempos me pergunto por que os crentes insistem em enviar tantas mensagens tolas, despropositadas e contra o Evangelho de Cristo a outros irmãos, e o que é pior, a incrédulos também. Falta-lhes sabedoria? “Não sabeis então discernir este tempo?” (Lc 12.56). Ou ainda não se converteram do seu mau caminho? (Jr 3.19).  

É possível identificar os motivos. Primeiro, o desconhecer escriturístico. Segundo, o prazer em propalar o mundanismo, afinal, ele aguça a delicadeza e os sentidos da carne. Terceiro, uma vida cristã sem Cristo. Este ponto deveria ser o primeiro, mas coloquei-o em último para abordá-lo detidamente, pois, de certa forma, pode-se falar em dois tipos de vida cristã: a verdadeira, proporcionada pelo novo-nascimento e pela ação do Espírito Santo na vida do convertido, e a falsa, onde há o engano e uma pretensa submissão a Deus. Quer saber sobre o novo-nascimento? Leia o texto “A Morte da Morte”.

Porém, é possível haver uma conversão ao contrário? 
O pecador aparentemente converte-se a Cristo, batiza-se, participa dos trabalhos na igreja (às vezes torna-se evangelista, diácono, pastor), alcançando a liderança para, sutilmente, corromper o Evangelho? Essa é a capacidade da heresia de se reformular e aproximar da verdade, fazendo com que as diferenças pareçam insignificantes, e o pior é que ela vem acompanhada de um compêndio de justificativas insanas e perigosas, que a torna ainda mais diabólica. O que antes era doutrina bíblica agora não é mais, e o que não era doutrina bíblica transforma-se na própria maldade pelas bocas de seus defensores. Eles acreditam ser possível redefinir as palavras do Senhor: “Assim, toda a árvore boa produz bons frutos, e toda a árvore má produz frutos maus. Não pode a árvore boa dar maus frutos; nem a árvore má dar frutos bons” (Mt 7.17-18). Nessa linha de raciocínio, seriam capaz de pular da Torre Eiffel em pêlo e sair voando como pássaros. Mas se apenas os morcegos, pássaros e insetos têm o dom natural de voar, é crível uma árvore má dar bons frutos ? Pelo contrário, ela será cortada e lançada no fogo (Mt 7.19); porque é impossível, sem conversão, que o homem natural dê “frutos de justiça, que são por Jesus Cristo, para glória e louvor de Deus” (Fp 1.11).

Não contente em ter o inferno, querem dividi-lo com o máximo de irmãos, e num jogo demoníaco, promoverem as obras da carne, “as quais são: adultério, fornicação, impureza, lascívia, idolatria, feitiçaria, inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dissensões, heresias, invejas, homicídios, bebedices, glutonarias, e coisas semelhantes a estas, acerca das quais vos declaro, como já antes vos disse, que os que cometem tais coisas não herdarão o reino de Deus” (Gl 5.19-21). Mas esquecem-se de que, “tudo o que o homem semear, isso também ceifará” (Gl 6.7). Crêem plantar para outros a condenação, mas acabam por plantá-la a si mesmos. Assim, com o objetivo de combater a verdade, incitam, pregam e vivem a mentira, enquanto a verdade é desprezada, tornando-a antiquada, obsoleta e irrelevante.

Infelizmente, esses falsos mestres penetram nas igrejas como
crentes estabelecidos, são aceitos pela comunidade cristã, e seus ensinos enganosos espalham-se como erva daninha, cujos objetivos importunos, nocivos e artificiosos intentam trair a credulidade irrefletida da igreja. Sutilmente a heresia contamina as pessoas, pouco a pouco, tornando-a popular exatamente por ser quase a verdade, e se amoldar perfidamente à natureza corrompida e pecaminosa do homem, o qual é incapaz de vê-la, e mesmo os que a vêm, por sua perspicácia, acabam por considerá-la inofensiva ou uma verdade recriada, uma espécie de Frankenstein teológico.

Para eles, existe a verdade sem Deus ou Deus sem a verdade; mas a verdade sem Deus não existe, nem Deus sem a verdade, porque a primeira não passa de abstração, a loucura máxima a que o homem pode atingir, enquanto a segunda é a blasfêmia em sua forma mais virulenta, a treva mais densa em que o homem pode penetrar; porque a verdade para ser real e não uma fantasia leviana, tem de provir de Deus, o qual é a única verdade
(Jo 14.6).

Para eles, a verdade não precisa ser defendida nem proclamada, mas escondida a
sete chaves como um tesouro secreto do qual não se sabe o esconderijo nem se tem o mapa. Graças a Deus por nos dar a Sua revelação, a Bíblia, a qual “é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em justiça; para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra” (2Tm 3.16-17).

Para eles, a igreja não precisa da verdade; como Paulo diz, não suportão a sã doutrina,
“mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias concupiscências; e desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas” (2Tm 4.3-4). Para que crer na verdade? Se pelo humanismo é possível acomodar o homem no redil das incertezas, incitá-lo ao pecado, à apostasia e ao nominalismo religioso?

Para eles, o que importa é a aparência, a reputação, o sucesso e a covardia de jamais admitir a cumplicidade com o mal, tolerando-o utilitariamente a fim de obter seus interesses pessoais (o Evangelho beneficia o indivíduo, no caso, o escolhido de Deus, mas jamais o indivíduo poderá impedir que os demais eleitos sejam igualmente beneficiados pela palavra), permitindo que todo o tipo de heresia substitua os princípios bíblicos, afastando-se da revelação divina (não são precisas todas as heresias; uma ou duas, e o trabalho estará feito).


Para eles, é fundamental abandonar a objetividade da Palavra e uma vida santa, e substituí-las pela subjetividade, o egoísmo, o individualismo, o sentimentalismo e o hedonismo como filosofias de vida, onde a dissolução e a falsa liberdade os manterá em prisão, indo
“de mal para pior, enganando e sendo enganados” (2Tm 3.13).

Por quê? Qual a finalidade? Ao diluírem a palavra de Deus a fim de torná-la aceitável aos descrentes (muitos falsos mestres não se esquivam de reescrevê-la ao bel prazer dos seus corações perversos), esses líderes buscam a aprovação dos homens, negando a autoridade bíblica, tornando-a o mais agradável possível ao mundo, e com isso rejeita-se toda a verdade escriturística: Cristo, o Espírito Santo, a expiação vicária, a salvação, regeneração, santidade e todo o conjunto de doutrinas cristãs (inclusive a Igreja), pois a negação de qualquer um deles implicará na recusa inevitável do próprio Deus.

Em nome da verdade, todo crente deve lutar contra a heresia e o engano perpetrado por satanás e seus discípulos; porque sempre teremos a segurança pela fé, e como ovelhas ouvimos a voz do Bom Pastor, somos conhecidos dEle, e seguimo-lO, o qual nos dá a vida eterna e nunca haveremos de perecer e ninguém nos arrebatará de Suas mãos (Jo 10.27-28), como a mais indubitável e sublime verdade. Somente Cristo pode nos libertar através do Evangelho; sem Ele tudo é permitido, mas nada possível; sem Ele a condenação é certamente a mais pura verdade.


A heresia é uma conversão contrária, o caminho inverso pelo qual a igreja trilhará ao se afastar da verdade, ao opor-se ao Evangelho, desprezando Cristo, o qual revelou-lhe a própria desobediência:
“O homem bom, do bom tesouro do seu coração tira o bem, e o homem mau, do mau tesouro do seu coração tira o mal, porque da abundância do seu coração fala a boca. E porque me chamais, Senhor, Senhor, e não fazeis o que eu digo?” (Lc 6.45-46).

Se crê no Evangelho mas não o proclama, se crê em Cristo como Senhor e Salvador mas não o obedece, se vê a igreja como uma extensão do mundo (e tanto faz um como o outro), se não se preocupa em dar bons frutos, nem com a conversão dos ímpios, cuidado! Abandone as mensagens tolas, psicológicas, de auto-ajuda, despropositadas, sentimentalóides; renuncie a ideologia satânica que o quer preso às armadilhas do mundo, proclamando um reino superior quando está nas profundezas abissais do inferno, mantendo-se perdido em si mesmo como um cão cego e epilético a perseguir o próprio rabo.


Entregue-se à suave palavra de Deus, e não faça pouco caso da sua consolação, arrependa-se, e põe fim aos seus pecados e às suas iniquidades, praticando a justiça
(Dn 4.27).

Ouça o alerta: onde os princípios bíblicos encontram-se corrompidos e demolidos, não sobra muito mais o que destruir.


E você estará morto!


Nota: Publicado originalmente no blog Kálamos