"A Verdade não precisa de defesa; por si mesma ela se defende. A Verdade precisa ser proclamada!"

13 junho 2009

Conselho a Jovens Escritores





Caro Sr. Raymond Johnston
(1)



Perdoe-me, por favor, esta demora em acusar o recebimento da sua muito amável carta do dia 6 deste, e em agradecer a sua gentileza em dar-me a conhecer as suas conversas sumamente interessantes em Swanwick. Naturalmente as considerarei confidenciais. São verdadeiramente muito valiosas. A reedição de Santidade (Holiness), de autoria de Ryle, parece ter conseguido realizar até mais do que eu previa.
Acho que você e o Sr. Packer estão realizando uma obra muito importante, que poderá muito bem ter grande influência no futuro. Mas, vocês dois precisam aprender a "andar prudentemente" (Efésios 5.15). Quero dizer com isso que há o perigo de seu ensino ser rejeitado devido ao modo como ele é apresentado. Devemos ser pacientes e ensinar as pessoas de maneira construtiva. Escrevo como alguém que pessoalmente achou muito difícil aprender esta lição; porém, com o passar dos anos, fui vendo cada vez mais que a dificuldade do outro lado deve-se realmente à ignorância. Devemos aguardar, e penso que veremos que a extraordinária mudança já ocorreu quanto aos conceitos sobre profecias, ocorrerão também com relação a esta outra questão.
Quanto à dificuldade de explicar os benefícios que Keswick e Ruanda acaso fazem, há pelo menos duas respostas:
1. Muitas vezes a heresia está certa em muitos pontos verdadeiramente essenciais, mas erra num ponto. Em termos modernos, isso é frequentemente ilustrado nos círculos pentecostais com relação à doutrina do Espírito Santo, linguas, curas, etc, enquanto que eles estão absolutamente certos e são ortodoxos nos pontos essenciais, e as pessoas recebem real bênção por meio deles.
2. Os argumentos baseados em resultados e benefícios são sumamente perigosos. Todas as seitas prosperam baseadas nisso. Questionaria também, e muito, se Keswick dá realmente às pessoas uma verdadeira consciência de pecado. Penso que é neste ponto que ele de fato falha mais.
Realmente você precisa voltar a Londres, para que possamos conversar sobre estas coisas, em vez de escrevermos sobre elas.
Todos nós nos juntamos na expressão da nossa mais favorável estima e consideração. Sinceramente ao seu dispor,
D.M. Lloyd-Jones

(1) O. R. Johnston (1927-85), um dos graduados de Oxford responsáveis pelo início da Conferência Puritana, e desta vez, com Jim Packer, exercendo uma nova influência na IVF (Inter-Varsity Fellowship) por meio da publicação Graduado Cristão (Christian Graduate) e por outros meios. Deste ponto em diante, Lloyd-Jones teve um novo papel, aconselhando aos jovens cuja descoberta dos puritanos lhes era causa de grande entusiasmo, que se contivessem e agissem com sabedoria. Tanto por seu próprio ministério como pelo incentivo que deu a James Clarke para reeditar As Institutas de Calvino (1949) e a obra Santidade, de J. C. Ryle (1952), Lloyd-Jones fora usado para preparar o caminho para este desenvolvimento, e os críticos o consideravam grandemente responsável pelo mesmo.

(2) Extraído do livro "D. Martyn Lloyd-Jones Cartas 1919-1981" - Editora Pes

(3) Meus comentários ao livro podem ser lidos AQUI

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