"A Verdade não precisa de defesa; por si mesma ela se defende. A Verdade precisa ser proclamada!"

27 fevereiro 2009

UMA HISTÓRIA DE DOIS PROFESSORES









Por Jerry Bergman
Houve dois professores cujas histórias nos contam muito sobre a educação superior de hoje. O professor Hardison foi um professor de filosofia que gostava de discutir biologia, e Bishop foi um professor de anatomia que gostava de discutir filosofia, mas suas semelhanças acabam por aí.
1. RICHARD HARDISON
Dr. Hardison trabalhava duro tentando convencer os estudantes de que suas opiniões sobre Deus, evolução, e propósito da vida estavam corretas. Um de seus admiráveis estudantes disse que Hardison foi especialmente eficaz em ajuda-lo a “pensar claramente acerca de filosofia e teologia, particularmente com atenção à razão e à fé” (Shermer, p. xv). Embora Hardison tenha persuadido muitas pessoas a aceitar o seu modo de pensar, a história de apenas um estudante será contada aqui. Este é Michael Shermer.
Dr. Shermer foi apresentado ao Cristianismo quando jovem, e em sua maioridade no colégio ele declarou aceitar a Cristo (p. 2). Separado para o ministério, ele se matriculou na Universidade Pepperdine (uma escola da Igreja de Cristo) para se especializar em teologia. Enquanto ouvia uma aula de filosofia no Colégio Glendale, o ministro adolescente fez um curso com Hardison. Decidindo testemunhar ao seu professor, Michael deu a ele um livro sobre teologia cristã. O professor aceitou o livro a fim de refuta-lo, e passou uma lista de problemas a Michael. Logo se seguiram muitas discussões, tanto dentro como fora de sala, nas quais Hardison acabou por vencer Michael - e ele se converteu de um cristão evangélico em um ateu, ativo no proselitismo contra o cristianismo e Deus.
Shermer agora especialmente se opõe a todas as tentativas dos crentes de “usar a ciência e a razão para provar a existência de Deus” (p. xiii). Ironicamente, como editor da Skeptic Magazine [Revista Cética, n.t.] e autor de numerosos livros, ele gasta uma grande parte do tempo usando “a ciência e a razão” para refutar (ou pelo menos discorrer contra) a existência de Deus. Ele é especialmente ativo em atacar o criacionismo porque, em suas palavras, “a razão número um que as pessoas dão porque elas acreditam em Deus é... o clássico argumento cosmológico ou de projeto: O genuíno projeto, a natural beleza, perfeição, e complexidade do mundo ou do universo nos obriga a pensar que isso não poderia acontecer sem um planejador inteligente. Em outras palavras, as pessoas dizem que elas acreditam em Deus porque a evidência de seus sentidos manifesta-lhes isso” (p. xiv). Por essa razão, muitos professores (como Hardison) atacam o clássico argumento do projeto cosmológico para converter os estudantes ao ateísmo.
Embora Hardison tenha sido muito ativo em converter os estudantes à sua cosmovisão, não poderíamos encontrar qualquer registro de reclamação ou preocupação acerca de seu proselitismo. Ele é considerado um excelente professor, sinceramente interessado em seus estudantes, mesmo desafiando ativamente a fé deles e, não raras vezes evidentemente, convence os estudantes do seu ponto de vista. Algumas vezes os estudantes se opõem, sentindo que ele é um prosélito contra a religião, mas suas reclamações nunca foram feitas à corte (e, se fossem, a ACLU** e outras organizações iriam com toda certeza defender a liberdade acadêmica de Hardison).
2. DR. PHILIP BISHOP
Dr. Philip Bishop é um professor associado de fisiologia na Universidade do Alabama, e diretor da performance laboratorial humana da universidade. Ele também foi um professor popular que começava cada aula semestral com uma discussão de dois minutos sobre sua conclusão proveniente de seu estudo da fisiologia que ele acreditou fornecer abundantes evidências do planejamento inteligente em vez do naturalismo evolutivo (McFarland, p.2). Desafiando isso, um painel de três censuras do 11o U.S. Circuit Court of Appeals*** pendurado na universidade exigiu que ele nunca mencionasse suas crenças religiosas em classe. Bishop também incluíra uma unidade opcional intitulada “Evidência de Deus na Fisiologia Humana”, ensinada em seu próprio tempo, mas a corte ordenou-o a parar com isso também (Jaschik, p. A23).
A universidade esforçou-se em proibir somente Bishop - e mais ninguém - de mencionar, sempre brevemente, sua visão pessoal de mundo na sala de aula (depoimento de Bishop, p.7). O depoimento de Bishop defende que se somente aqueles professores com um parecer ateísta ou agnóstico pudessem livremente expressar suas opiniões, os estudantes poderiam concluir erroneamente que todos os professores dividem esta mesma opinião. McFarland descreveu o caso como se segue:
A administração da Universidade ordenou Bishop a suspender suas conversas em sala de aula como também suas conversas opcionais no campus. Nenhuma outra faculdade e nenhum outro tema foram similarmente restringidos. Dr. Bishop obteve uma ordem federal protegendo sua livre conversa e liberdade acadêmica, mas prevaleceu uma desastrosa opinião da Corte Norte-americana de Apelações do Décimo Primeiro Circuito. A corte defendeu que professores de universidades públicas não têm direito constitucional de liberdade acadêmica e que seu direito de livre conversa em salas de aula é sujeito a um controle absoluto (censura) pela administração da Universidade (p. 2).
O foco do caso de Bishop foi desafiar a reivindicação do colégio de que este tinha o direito absoluto de restringir mesmo comentários ocasionais em aula e fora de aula que mencionassem um ponto de vista pessoal do professor sujeito à perícia acadêmica.
Embora os comentários de Bishop fossem separados, não-constrangedores, e claramente identificados como tendência pessoal, a universidade argumentou que permitir que os professores apresentassem seus próprios pontos de vista implicaria no endosso da universidade, defendendo que endossaria “qualquer coisa não-censurada” (Bishop, p. 10). Bishop defendeu que expressões ocasionais de crença pessoal, feitas em uma universidade pública, “não podem ser interpretadas como significando a aprovação da universidade, e estão dessa maneira protegidas sob a Primeira Emenda onde elas serão separadas e não-constrangedoras” (Bishop, p. 9).
A universidade lançou um veemente apelo restringindo as conversas do Dr. Bishop “exclusivamente por causa de seu conteúdo religioso”, e argumentou que “conversas apresentando uma perspectiva religiosa estão sujeitas ao mesmo tratamento indiscriminado que outras formas de conversa” (p. 13). Contrariamente às extensas leis criadas e à Constituição, a corte de decisão de apelações autorizou “censuras virtualmente ilimitadas dentro de salas ou conversas de professores relacionadas à sala de aula” (Bishop, p. 9) se isso puder ser traduzido como religioso, ou mesmo motivação religiosa, mesmo que os pontos de vista expressados sejam claramente identificados como pessoais.
Estritamente aplicada, esta decisão judicial conclui que é inapropriado para um professor declarar que ele é judeu ou muçulmano, vai à igreja, ou acredita em Deus. Mas ao mesmo professor é permitido declarar que ele não acredita em Deus ou que retém uma cosmovisão não-religiosa. Em suma, ele pode dar aula contra tudo o que o estado define como valores “religiosos” ou crenças, mas não a favor deles. A corte de apelações pautou que a universidade tem um “interesse legítimo” em prevenir que a religião “infecte” os estudantes “porque expressão de um ponto de vista religioso, não importa o quão cuidadosamente apresentado,... produz inquietação nos estudantes” (Bishop, p. 15).
A corte de apelação também afirmou que a “expressão de uma posição religiosa em um domínio secular, não importa o quão cuidadosamente apresentada, cria a aparência de endossamento daquela posição pela Universidade e gera inquietação em estudantes que podem se sentir compelidos a simular crença e, pior ainda, negar sua própria crença” (Bishop, 16). Se há mesmo um sinal de endossamento para o ateísmo, todas as outras considerações (incluindo a Primeira Emenda) devem ser anuladas. Conseqüentemente, só o ateísmo pode ser ensinado. A Corte Suprema Norte-Americana rejeitou o pedido de certiorari [rogatória], e o caso foi encerrado.
3. OUTROS COMENTÁRIOS SOBRE O CASO BISHOP
A faculdade comumente, muitas vezes ostensivamente, introduz seu próprio ponto de vista - muitas vezes agnóstico ou ateu - em sala. Tais pareceres, contudo, não são normalmente restringidos, e se um ataque fosse feito, um grito de protesto da comunidade acadêmica provavelmente viria (Johnson, pp. 179-184). As cortes têm constantemente julgado a favor de faculdades que introduzem materiais anti-religiosos, ateístas, ou agnósticos dentro de suas salas, mas contra faculdades que introduzem o oposto em suas salas (Bergman, pp. 1-34).
Professor de ciências biológicas na Universidade Cornell, William B. Provine, primeiramente apresenta o lado teísta em sua sala e então, pelo resto do ano, se empenha em demolir os argumentos para o teísmo. Ele notou que no início do curso, cerca de 75% de seus estudantes eram criacionistas ou ao menos acreditavam num propósito para a evolução, i. e., eram teístas e acreditavam que Deus dirigira a evolução. Provine (p. 63), orgulhosamente notou que a porcentagem de teístas caiu para 50% ao fim do curso - isso se compara à cerca de 90% da sociedade como um todo (Shermer, p. 156). Obviamente bem-sucedida em influenciar os seus estudantes em direção ao ateísmo, e muito esclarecida sobre o seu sucesso, a universidade e a corte não interferiram.
4. CONCLUSÕES
Muitos paralelos existem entre os dois professores. Ambos foram populares, bem-quistos, reconhecidos como bons professores, e bem-informados em suas áreas. Ambos se esforçaram em ajudar os estudantes a entenderem seu ponto de vista, como Dr. Hardison abertamente em classe, via escritos que ele dava aos estudantes e por se encontrar com eles após a aula. Em conversas, Bishop discretamente convidou os estudantes a ouvirem sua opinião que apoiava o teísmo, mas somente depois da aula. No primeiro caso, a corte nem mesmo esteve envolvida. No outro caso resultou em uma decisão aberta da corte - Bishop não devia mostrar a sua opinião, mesmo fora de sala; tampouco lhe foi permitido contar aos estudantes qual a sua religião pessoal porque isso poderia inquietar os não-cristãos.
Um professor teve plena liberdade acadêmica; a liberdade acadêmica do outro foi claramente vetada. A diferença está em suas opiniões: um ateísta, e o outro teísta. Um foi encorajado a apresentar abertamente sua opinião aos estudantes dentro e fora de classe, não importando se o que expressasse, inquietava os cristãos. O outro professor, sob a pena de desinência, não pôde nem mesmo sugerir o que ele pessoalmente acreditava aos estudantes. Dr. Bishop também precisou ensinar um ponto de vista que lhe desagradava pessoalmente, e não foi liberado para apresentar seus sentimentos sobre isso aos estudantes. Muitos outros casos similares poderiam ser citados, mas este efetivamente ilustra a preocupação de muitas pessoas de que o colégio se tornou um meio de doutrinar os estudantes em uma cosmovisão que é hostil com respeito não somente ao teísmo, mas religião de todas as formas. Como podem as cortes, em qualquer sentido, reivindicar neutralidade nesta controvérsia?
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REFERÊNCIAS
Bergman, Jerry. The Criterion: Religious Discrimination in America. Richfield, MN: Onesimus, 1984. Esgotado.
Bishop, Philip A. v. O.H. Delchamps, Jr., et al. Brief submitted to the U.S. Supreme Court, Oct. Term, 1991.
Hartwig, Mark. “Christian prof. loses free-speech case.” Moody Monthly, 24 de junho, 1991, p. 55.
Jaschik, Scott. “Academic freedom could be limited by court ruling.” The Chronicle of Higher Education, 17 de abril, 1991, p. A23. Johnson, Phillip E. Reason in the Balance: The Case Against Naturalism in Science, Law & Education. Downers Grove, IL: InterVarsity Press, 1995.
Myers, John (Ed.). “U.S. Supreme Court denies review of Bishop: Academic freedom stumbles in wake of 11th Circuit Court Ruling.” The real Issue, 11(3), out. 1992.
Provine, William. “Response to Johnson Review.” Creation/Evolution, n. 32, Verão, 1993. pp. 62-63.
Shermer, Michael. How We Believe: The Search for God in an Age of Science. NY: Freeman, 2000.
Shermer, Michael. Why People Believe Weird Things. NY: Freeman, 1997. p. 156.

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O Dr. Jerry Bergman é Ph.D. em Biologia, professor e pesquisador da Faculdade de Biologia da Universidade Estadual de Northwest em Ohio. Este artigo foi publicado no boletim Acts & Facts do Institute for Creation Research, em sua edição de junho de 2004, com o título "WA Story of Two Professors".
Tradução do texto de Daniel Ruy Pereira.
FONTE: www.impacto.org.br

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