"A Verdade não precisa de defesa; por si mesma ela se defende. A Verdade precisa ser proclamada!"

15 dezembro 2008

O PAI NOSSO








Por Natan Oliveira

“Não seja precipitado de lábios, nem apressado de coração para fazer promessas diante de Deus. Deus está nos céus, e você está na terra, por isso, fale pouco.” Eclesiastes 5.2
Fale pouco!
Certamente que Jesus não estava dizendo que devemos substituir as longas repetições pagãs por longas repetições do Pai Nosso.A meu ver a oração do Pai Nosso é um modelo, não de palavras mas de princípios que devem nortear a correta oração.
Que princípios?
Eu vejo estes:
- Adoração;
- Soberania;
- Dependência;
- Arrependimento;
- Socorro;
- Louvor.
ADORAÇÃO, porque reconhecemos que a nossa oração é dirigida a Deus Pai, criador dos céus e da terra, Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó, nosso Deus. Que está muito acima de nós e cuja santidade é incomparável.
“Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome...”
SOBERANIA, porque a nossa oração deve reconhecer e transparecer que quem manda não é o nosso arbítrio, reconhecemos então que Deus é soberano, que reina sobre tudo e todos, inclusive o arbítrio humano, cuja vontade será feita tanto na terra como no céu, como foi pensada e planejada em tempos eternos e na esperança do total cumprimento do seu plano eterno vamos vivendo por fé um dia de cada vez.
“... venha o teu reino, seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu...”
DEPENDÊNCIA, porque na nossa oração nos apresentamos não como auto-suficientes, mas como dependendo dele para tudo, para o pão, o emprego, a moradia, a saúde, para as alegrias, para suportar as dificuldades, estamos por um fio de vida, e esta vida vem de Deus.
“... o pão nosso de cada dia nos dá hoje...”
ARREPENDIMENTO, porque constantemente estamos pecando, mesmo após o novo nascimento miseravelmente pecamos, não mais por hábito, mas por teimosia, desobediência, por darmos lugar ao diabo, por não resistirmos a tentação. Precisamos então pedir perdão pelos nossos pecados, pecados inconscientes, pecados “sem querer querendo”, pecados pensados, afinal só o Senhor perdoa pecados baseado no sacrifício de Jesus Cristo na cruz, e tudo isto na mesma medida que perdoamos os que falham contra nós.
“... e perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores...”
SOCORRO, porque sabendo que ainda habitamos este mundo, e é um “mundão” cheio de tentações disfarçadas e agradáveis aos olhos, ao entendimento, agradáveis em tudo, mas que no fundo é o velho pecado, é o mal andando ao nosso derredor para fisgar. Conseguimos resisti-lo sozinhos? Não! Somente após nos voltarmos para Deus pelo novo nascimento, recebemos o Espírito Santo, e cremos por fé que ele nos deu autoridade para dizer não ao pecado. E assim fazemos e passamos a resistir ao pecado e somos livres do seu mal.
“... e não nos induzas à tentação; mas livra-nos do mal";
LOUVOR, porque não há outro Deus como o nosso, que nos escolheu imerecidamente, pecadores miseráveis. Louvor porque só ele se encarnou na pessoa de Jesus Cristo e morreu por nós, ressuscitou dos mortos, e depois foi visto, tocado, nos deu o Espírito Santo para o dia-a-dia. Louvor porque ele é o único que vive: vive em nós! Vive para o que crê e Dele se aproxima com fé. Para sempre.
“... porque teu é o reino, e o poder, e a glória, para sempre. Amém.” Mateus 6.9-13
Mas é claro... se de coração orarmos o Pai Nosso, não como oração mecanicamente decorada, mas realmente meditando no que se diz, não vejo nenhum problema, somente reflito que prefiro seguir os mesmos princípios da oração do Pai Nosso, mas na prática usar as palavras que me forem oportunas no momento.
Imitar princípios em lugar de repetir palavras.
“Portanto, vós orareis assim: Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome; Venha o teu reino, seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu; O pão nosso de cada dia nos dá hoje; E perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores; E não nos induzas à tentação; mas livra-nos do mal; porque teu é o reino, e o poder, e a glória, para sempre. Amém.” Mateus 6.9-13
FONTE: Reflexões Reformadas - Post original em http://oliveira-reflexoes-reformadas.blogspot.com/2008/02/reflexo-o-pai-nosso.html

25 novembro 2008

REVELAÇÃO SUPERFICIAL

Por Natan Oliveira


Hoje em dia existe certamente uma fome das pessoas pelo que é sagrado, pelo que é santo, pelo que é místico.

De uma forma que eu não consigo ainda explicar, Deus “permite” que assim seja. Muitas pessoas são alcançadas pelo Evangelho com uma pregação superficial da revelação divina.

Mas das minhas andanças e conversas com as pessoas, penso que algumas delas, se não a maioria, todas autonominadas como cristãos, caso lhes fosse revelado pelo Senhor um pouquinho mais do que Ele é, e estas pessoas o rejeitariam totalmente a ponto de odiá-lo até.

Vamos testar pela escritura até onde você se enquadra neste tipo de crente nominal, que diante da revelação total de Deus, rapidamente deixará de amá-lo.

“O Senhor faz tudo com um propósito; até os ímpios para o dia do castigo.” (Provérbios 16.4). Duras palavras não é mesmo. Então você ama um Deus que cria algumas pessoas para serem ímpias e para serem condenadas por esta impiedade que Ele mesmo criou para elas? Vai odiar a Deus?

“Em seu coração o homem planeja o seu caminho, mas o Senhor determina os seus passos.” (Provérbios 16.9). Certamente que você deu passos em falso. Verdadeiras bobagens já foram feitas por você, que tem vergonha até de lembrá-las. Você aceita que até elas, estes pecados dos quais você se envergonha, tenham sido determinados pelo Senhor? Vai odiar a Deus?

“Todos os dias determinados para mim foram escritos no teu livro antes de qualquer deles existir.” (Salmos 139.16). Você certamente já teve dias maus, dias ruins, continua amando a Deus sabendo que todas estas coisas ruins que aconteceram na sua vida foram determinadas antes que você nascesse? Vai odiar a Deus?

“O coração do rei é como um rio controlado pelo Senhor; ele o dirige para onde quer.” (Provérbios 21.1). Onde é que ficou o suposto livre-arbítrio do coração do rei? Quem o dirige, o tal do livre-arbítrio do rei, não é o Senhor? Então o rei não tem livre-arbítrio! O Senhor arbitra. Você consegue amar um Deus que coloca escolhas no coração dos homens, inclusive no teu? Vai odiar a Deus?

“Todos os povos da terra são como nada diante dEle. Ele age como lhe agrada com o exércitos dos céus e com os habitantes da terra. Ninguém é capaz de resistir à sua mão ou dizer-lhe: ‘O que fizeste?’” (Daniel 4.35). Você já cantou aquele corinho que diz “... quero que valorizes o que tem, você é um ser, você é alguém, tão importante para Deus... ?”, já cantou este corinho? Que tal cantar um outro impopular, que nem existe que diria que você e mais todos os povos da terra não são nada diante de Deus? Você consegue amar este Deus? Vai odiar a Deus?

Duras palavras.

Eu poderia ir discorrendo pela Bíblia toda, e livro por livro mostrar a você que é possível que você nem conheça de fato o Deus que você adora. Se é que você adora o verdadeiro Deus? Se é que você não adora na realidade uma imaginação falsa de Deus, portanto se é que você não é um idólatra?

E Deus odeia a idolatria.

Vai parar de ler?

Ou vai tremer diante deste Deus TODO PODEROSO, que se revela nas escrituras, e HUMILHADO vai adorá-lo.

Agora você entende porque é impossível crer no verdadeiro Evangelho se você não for movido por Deus para isto?

É isto mesmo, o Evangelho é uma loucura total. Impossível aceitar tais palavras, das quais alguns textos eu citei acima, se não for pelo poder do Espírito Santo.Se você não crê nos textos acima, creia pelo menos nas palavras de Jesus que disse: “... É por isso que eu lhes disse que ninguém pode vir a mim, a não ser que isto lhe seja dado pelo Pai.” (João 6.66)

Você acha que crê pela escolha do teu livre arbítrio? Você não acabou de ler que Jesus mesmo diz que você só crê por que esta capacidade lhe foi dada?

E que dizer de Jesus, nosso Senhor, quando diz “A vós vos é dado saber os mistérios do reino de Deus, mas aos que estão de fora, todas estas coisas se dizem por parábolas. Para que, vendo, vejam, e não percebam; e, ouvindo, ouçam, e não entendam; para que não se convertam, e lhes seja perdoados os pecados” (Marcos 4.11-12).

Será isto mesmo? Leia novamente o parágrafo acima!Jesus está dizendo que falava por parábolas para que eles não entendessem mesmo? Jesus só explica as parábolas para os seus, mas para os outros fala difícil para que continuem sem entender e sem se converter?

Estou ficando louco? Me digam vocês? Vocês conseguem amar este Deus? Você vai odiar a Deus?Eu tremo todo diante deste Deus.Eu choro diante da Sua Presença, só de lembrar que dentre milhões de pecadores, e eu igualzinho a eles ou pior, e assim mesmo Ele me escolheu salvar.

Você pode até odiar este Deus, mas eu amo, e vou amá-lo eternamente pois Ele, este tremendo Deus, me escolheu não para a ira, mas para a salvação. Louvado seja Deus, pois não me falou por parábolas, mas se revelou a mim pelo seu Espírito Santo.

Como você reagirá?

Existe dois caminhos, pode dizer como já disseram:“Muitos, pois, dos seus discípulos, ouvindo isto, disseram: Duro é este discurso; quem o pode ouvir?” (João 6.60)

Ou ainda reagir assim:“Desde então muitos dos seus discípulos tornaram para trás, e já não andavam com ele.” (João 6.66)

Ou poderá reagir assim, que é de fato o meu desejo e a minha oração:“Senhor, salva-me...” (Mateus 14.30)

Chega de Evangelho superficial, aproxime-se de Deus, estude a Palavra que nos foi revelada, aproxime-se de Deus com temor, e creia Nele.

Mas não se glorie, se você crer, na realidade isto mostrará que quem operou este crer em você foi Ele mesmo.

Do contrário, caso você tenha chegado ao fim deste texto, certamente dirá com os seus pensamentos que eu fiquei louco.

“Porque a palavra da cruz é loucura para os que perecem; mas para nós, que somos salvos, é o poder de Deus.” (1 Coríntios 1.18).

Fonte: Reflexões Reformadas

O texto original pode ser acessado em http://oliveira-reflexoes-reformadas.blogspot.com/2007/11/reflexo-revelao-superficial.html

27 outubro 2008

O EVANGELHO CONTINUA RELEVANTE?












Dr. D. Martyn Lloyd-Jones

O Evangelho de Jesus Cristo confronta e desafia o mundo moderno com a declaração de que somente o Evangelho tem a resposta para todas as perguntas do homem, bem como a solução para todos os seus problemas. Em um mundo que procura saída para suas tragédias e tribulações, o Evangelho anuncia que a solução já se acha disponível. Em um mundo que olha ansiosamente para o futuro e que fala em planos relativos a ele, o Evangelho proclama que esta busca por outra saída não apenas está errada quanto à sua direção, como também é inteiramente desnecessária. O Evangelho denuncia o hábito fatal de acontecer e afirma que tudo quanto é necessário para os homens, individual e coletivamente, já foi posto à disposição da humanidade há quase dois mil anos. Pois, a mensagem central do Evangelho para os homens é que tudo quanto é mister para a salvação deles se encontra na pessoa de Jesus Cristo, o Filho unigênito de Deus. O Evangelho proclama que Cristo é a revelação plena e final de Deus. Em Cristo, em sua vida e em seus ensinamentos vemos aquilo que o homem deve ser e qual o tipo de vida que ele deve viver. Na morte de Cristo sobre a cruz, podemos ver o pecado do mundo finalmente desmascarado e condenado. Através de sua morte, vemos o único meio pelo qual o homem pode reconciliar-se com Deus. É exclusivamente dEle que podemos receber vida nova, obtendo um novo começo. Somente quando recebemos dEle o poder, então podemos viver aquela vida que Deus tencionou que vivêssemos.

De fato, o Evangelho vai mais adiante e assegura-nos que Cristo está assentado à mão direita de Deus, em poder reinante, e que continuará a reinar até que os seus inimigos sejam postos por estrado dos seus pés. O Evangelho proclama que chegará o tempo quando, ao nome de Jesus, se dobrará "todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra" (Fp 2.10). Portanto, o Evangelho de Jesus Cristo confronta o homem, exorta-o a arrepender-se dos seus pecados e a olhar para aquela Pessoa sem par, que esteve nesta terra há quase dois mil anos passados, a única em quem se pode achar a salvação.

No entanto, todos temos consciência de que a expiação operada por Cristo, conforme apresentada nas Escrituras, é altamente desagradável para a mente moderna. Não existe razão tão frequentemente apresentada, como explicação para a rejeição do Evangelho, quanto o fato de que ele é antiquíssimo. Em geral, as pessoas deste século consideram que os crentes se acham nessa posição ou por serem lamentavelmente ignorantes ou, então, por se terem tornado retrógrados e se recusarem a enfrentar os fatos. Para o homem moderno, nada é tão ridículo como a sugestão de que tudo quanto ele precisa hoje em dia, é de algo que vem sendo continuamente oferecido à humanidade por quase dois mil anos. Na realidade, o homem moderno recebe como insulto a afirmação de que, apesar de todo o seu conhecimento, progresso e sofisticação, espiritualmente falando ele permanece precisamente na mesma condição na qual têm estado todos os homens, através da longa história da humanidade. Ele supõe que qualquer coisa que seja muito antiga não pode ser adequada para satisfazer as necessidades da situação moderna. Por esse motivo, a vasta maioria das pessoas nem ao menos pára, a fim de considerar o Evangelho. Argumentam elas que algo tão antigo não pode ser relevante para os nossos dias...

O problema crucial do homem não é a sua própria pessoa, nem a sua felicidade, nem as condições que o circundam, enquanto se encontra neste planeta. O problema crucial do homem é o seu relacionamento com Deus, tanto agora como na eternidade. Deus é eterno, imutável e absoluto. Por conseguinte, quão grande tolice é argumentar que o homem moderno necessita de um novo remédio ou de uma nova modalidade de salvação, ao invés do "Evangelho da glória do Deus bendito" (1Tm 1.11), o qual se acha, exclusivamente, em nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo...

É somente e sempre em Cristo que encontro satisfação. O mundo, com todos os seus métodos, não pode ajudar-me em meu momento de maior necessidade. Mas Cristo nunca falha. Ele, em todos os aspectos, sempre nos satisfaz. Cristo continua sendo a única esperança para cada um dos homens; a única esperança para o mundo inteiro. O Evangelho ainda é relevante? Sua antiga mensagem continua adequada? A resposta é que somente o Evangelho é relevante. Somente ele pode cuidar dos problemas do homem e dar-lhes solução.

Do livro "Sincero mas Errado" - Editora Fiel - Esgotado. Leia os comentários ao livro no endereço http://kiestoulendo.blogspot.com/2008/10/sincero-mas-errado.html

19 outubro 2008

APOSTASIA: PERIGO DE MORTE!













Por Jonh MacArthur*

Observe, em primeiro lugar, que Judas exorta os seus leitores a lembrarem-se daquilo que foi profetizado. Afinal de contas, os apóstolos avisaram que falsos mestres viriam. As palavras de Judas são quase uma citação exata de 2 Pedro 3.3. Fica claro que essa era a profecia à qual Judas se referia.
A questão em pauta é a seguinte: mais uma vez, Judas está ressaltando que Deus é soberano e não perdeu o controle da situação. Ele volta a lembrar aos seus leitores que a afluência de falsos mestres para dentro da igreja não significa que o plano de Deus se estragou. Deus não foi pego de surpresa por esse acontecimento; sua Palavra o profetizou. Mesmo nas piores circunstâncias, podemos ter certeza de que nada acontece sem que Deus o saiba de antemão. Ele até mesmo nos contou que devemos esperar uma afluência da apostasia. Fomos advertidos a seu respeito, e ela já chegou.
Portanto, nosso dever é reagir corretamente. Não devemos ficar surpresos quando os falsos mestres aparecem nas igrejas; pois devíamos ter antecipado esse fato e nos preparado para ele. É um aviso para acordarmos. Quando uma fonte totalmente fidedigna nos avisa que os terroristas estão chegando, cumpre-nos descobrir quem são eles e desmascará-los, antes de causarem danos.
Os evangélicos contemporâneos não têm desculpas para não serem vigilantes. Já fomos advertidos - repetidas vezes. Jesus ordenou que ficássemos alertas contra falsos cristos e falsos profetas. Na era apostólica encontramos vários exemplos de lobos vestidos de ovelhas. Mais exemplos, um após outro, estão espalhados na história da igreja. Somente a incredulidade pecaminosa e deliberada pode explicar por que tantas pessoas nas igrejas se recusam a prestar atenção a tais advertências.

*Extraído do livro "A Guerra Pela Verdade" - Ed. Fiel - click Aqui para comprar o livro.
Leia os comentários ao livro no endereço http://kiestoulendo.blogspot.com/2008/09/guerra-pela-verdade.html

09 outubro 2008

CREDO*













Por Steve Turner


Cremos em Marxefreudedarwin.
Cremos que tudo está bem,
desde que você não prejudique ninguém,
quanto você possa definir prejudicar,
e quanto você possa saber.

Cremos no sexo antes, durante
e depois do casamento.
Cremos na terapia do pecado,
Cremos que o adultério é uma brincadeira.
Cremos que a sodomia é correta.
Cremos que os tabus são tabus.

Cremos que tudo está ficando melhor,
apesar da evidência contrária.
A evidência precisa ser investigada,
e não se pode provar nada com evidência.

Cremos que há algo nos horóscopos,
nos OVNI's e nas colheres entortadas;
Jesus era um bom homem, como Buda,
Maomé e nós mesmos.
Ele foi um bom mestre de moral, embora achemos
que o seu bom ensino moral era nocivo.

Cremos que todas as religiões são basicamente a mesma coisa
- pelo menos aquela sobre a qual lemos.
Todas elas crêem no amor e na bondade.
Só divergem nas questões da criação,
do pecado, do céu, do inferno, de Deus e da salvação.

Cremos que após a morte vem o nada,
porque, quando você pergunta aos mortos o que acontece,
eles não dizem nada.
Se a morte não é o fim, se os mortos mentiram,
então o céu é compulsório para todos,
exceto, talvez,
Hitler, Stalin e Genghis Khan.

Cremos em Masters e Johnson.
O que se seleciona é a média.
O que é a média é normal.
O que é normal é bom.

Cremos no desarmamento total.
Cremos que há elos diretos entre a guerra e o derramamento de
sangue.
Os americanos deveriam fundir as suas armas e transformá-las em
tratores,
e certamente os russos os imitariam.

Cremos que o homem é essencialmente bom.
É somente o seu comportamento que o faz cair.
É culpa da sociedade.
A sociedade é o defeito das condições.
As condições são o defeito da sociedade.

Cremos que cada homem deve descobrir a verdade
que é certa para ele.
Consequentemente, a realidade se adapatará.
O universo se reajustará.
A história mudará.
Cremos que não há verdade absoluta,
exceto esta:
Não há verdade absoluta.

Cremos na rejeição dos credos,
e no florescer do pensamento individual.

* Sátira em forma de poema que reflete detalhamente o pensamento pós-moderno, e é fácil perceber no cotidiano como as pessoas fazem deste credo uma profissão de fé equivocada.
Extraído do livro Pode o Homem Viver Sem Deus, Ravi Zacharias, Ed. Mundo Cristão, pg. 71-73
Leia meus comentários ao livro AQUI

29 setembro 2008

A ANATOMIA DA SEDUÇÃO










Por Kris Lundgaard
Para entender como a carne nos faz de tolos, vamos considerar o que diz Tiago 1.14-15 à luz dos princípios do engano:
"Cada um é tentado pela sua própria cobiça, quando essa o atrai e seduz. Então, a cobiça, depois de haver concebido, dá a luz o pecado; e o pecado, uma vez consumado, gera a morte".
Tiago está escrevendo para as pessoas que tentam desculpar seus pecados de maneira muito semelhante à que Adão e Eva fizeram no Éden, jogando a culpa sobre Deus. Mas Tiago diz que toda a culpa do pecado recai sobre o pecador, na medida em que ele é tapeado pelos desejos da sua própria carne. Ele nos ajuda a desmascarar o enganador que há dentro de nós expondo aquilo que a carne deseja, e como ele age para conseguir isso de nós.
Primeiro, o alvo para qual a carne aponta é a MORTE (v.15). Qualquer coisa em que o pecado nos faça acreditar, vai terminar em morte. A carne quer que nós acreditemos que as conseqüências de flertar com o pecado serão de poucas conseqüências (não tantas bênçãos de Deus, um assento menos importante no céu). Saber disso é o nosso primeiro meio de nos armarmos contra o engano (como saber que o vendedor de carros usados fará qualquer coisa para lhe vender um carro o ajuda a evitar a voltar para casa dirigindo uma coisa sem valor enquanto ele ri de você pelas suas costas).
Segundo, a maneira pela qual a carne trabalha para a sua morte é pela TENTAÇÃO (v.14). A essência da tentação é o engano – ser tentado e ser enganado é a mesma coisa. E Tiago faz uma lista do que nós podemos chamar de os cinco degraus da tentação:
1 – arrastando para longe (a mente);
2 – atraindo (as afeições);
3 – concebendo o pecado (na vontade);
4 – o nascimento do pecado (em ações, palavras, pensamentos e assim por diante);
5 – morte pelo pecado (estar escravizado ao pecado e morte espiritual).
O primeiro degrau diz respeito à mente – ela é arrastada dos seus deveres pelo engano do pecado. O segundo tem por alvo as afeições – elas são atraídas e então confundidas. O terceiro supera a vontade – o consentimento da vontade é a concepção do verdadeiro pecado. O quarto degrau desintegra o seu modo de viver na medida em que o pecado nasce dentro dele. O quinto é o alvo da carne, uma vida sem o sentimento do pecado, que leva à morte eterna.
Esse quinto degrau, pela graça de Deus, nunca é alcançado pelos verdadeiros crentes. Deus, com freqüência, aborta o pecado concebido na vida do crente (o quarto grau), livrando-nos de muitas cargas. Mas um meio que ele usa para evitar a nossa queda no pecado é nos avisar dos três primeiros degraus.
Nossa esperança é ver o enganador, dentro de nós, exposto e tendo o mesmo fim que o Duque e o Delfim em Huckleberry Finn*: cobertos de piche e penas e escorraçados da cidade debaixo de vitupérios.
* Nota: Huckleberry Finn – Romance escrito pelo norte-americano Mark Twain. A passagem a qual o autor refere-se, é a em que o Duque e o Delfim tentam ludibriar e enganar uma comunidade puritana, onde os dois fazem-se passar por missionários, coletando dinheiro ofertado pelos moradores para a sua MISSÃO. Contudo, são desmascarados e expulsos do vilarejo de forma humilhante.
Do livro O MAL QUE HABITA EM MIM, Ed. Cultura Cristã

23 setembro 2008

NO COMEÇO FOI O ENGANO










Por kris Lundgaard

Enquanto Eva podia ver as coisas com clareza, ela estava bem. Mas quando a serpente a enganou, ela comeu (Gn 3.13). Quando Adão a seguiu, o pecado entrou no mundo. A astúcia sempre tem sido e sempre será o "modus operandi" de Satanás. Ninguém o seguiria se não tivesse sido enganado (Ap. 12.9; 20.10).
A maça não caiu longe da árvore. A lei do pecado em nós, uma vez que emana de seu pai, o diabo, age da mesma maneira: "pelo contrário exortai-vos mutuamente cada dia, durante o tempo que se chama hoje, a fim de que nenhum de vós seja endurecido pelo engano do pecado” (Hb 3.13). Paulo diz que antes que Cristo nos libertasse "éramos noutro tempo insensatos, desobedientes, extraviados, servindo a várias concupiscências e deleites, vivendo em malícia e inveja, odiosos, odiando-nos uns aos outros" (Tt 3.3). Ele nos diz que nos despojemos do velho homem (a carne, a lei do pecado em nós), porque "se corrompe segundo as concupiscências do engano" (Ef 4.22). E toda vez que Deus nos adverte contra o pecado, Ele nos acautela a vigiarmos contra a sua astúcia. Na verdade, você pode escrever isso como uma máxima: quando a carne o engana, você IRÁ pecar.
Do livro "O MAL QUE HABITA EM MIM" - Ed. Cultura Cristã: www.cep.org.br

30 agosto 2008

SABEDORIA ESPIRITUAL X SABEDORIA CARNAL




X














Por Jorge Fernandes

No apêndice 3 do livro COM VERGONHA DO EVANGELHO, do Pr. John MacArthur Jr., publicado pela editora Fiel, há um trecho escrito pelo pastor escocês Thomas Boston, o qual, nos idos do séc. XVIII, muito antes do surgimento da palavra "pragmatismo" já a descrevia com riqueza de detalhes. Fica claro que satanás repete-se a si mesmo no tempo, servindo-se dos incautos e de sua soberba "incapacidade" para atingir seus objetivos.
Neste apêndice são consideradas as afirmações das duas sabedorias: a carnal e humana versus a espiritual e divina. Não relaciono todos os pontos abordados por Boston, apenas os mais urgentes. As linhas em vermelho mostram a sabedoria carnal, enquanto as linhas em verde, a sabedoria espiritual. Deixo-lhes a sabedoria divina: "Porque a palavra da cruz é loucura para os que perecem; mas para nós, que somos salvos, é o poder de Deus. Porque está escrito: Destruirei a sabedoria dos sábios, e aniquilarei a inteligência dos inteligentes... Porque a loucura de Deus é mais sábia do que os homens; e a fraqueza de Deus é mais forte do que os homens... Mas Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; e Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes; e Deus escolheu as coisas vis deste mundo, e as desprezíveis, e as que não são, para aniquilar as que são; para que nenhuma carne se glorie perante ele" (1Co 1.18-29).

1- Sabedoria Carnal: Trabalhe diligentemente visando possuir um discurso fluente e eloqüente; o estilo aprimorado é um grande apelo às pessoas cultas. Sem isto, elas menosprezarão a sua pregação.
2- Sabedoria Espiritual: Cristo nos enviou a "pregar o evangelho, não com sabedoria de palavra" (1Co 1.17). Não pregue "com ostentação de linguagem ou de sabedoria" (1Co 2.1). Sua mensagem e pregação não devem ser "em linguagem persuasiva de sabedoria"(v.4).

1- Procure ser brando em sua pregação. Não ataque os pecados específicos das pessoas que o ouvem.
2- "Clama a plenos pulmões, não te detenhas, ergue a tua voz como a trombgeta e anuncia ao meu povo a sua transgressão e à casa de Jacó, os seus pecados" (Is 58.1). "Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que maneja bem a palavra da verdade" (2 Tm 2.15).

1- Se você não for delicado, seus ouvintes ficarão irrtados. É perigoso falar com franqueza e lidar com coisas específicas. Falar ousadamente a uma geração como esta, pode trazer-lhe sérios riscos. Por que expor-se a tais coisas?
2- "O que repreende ao homem achará depois mais favor do que aquele que lisonjeia com a língua" (Pv 28.23). "Eis que fiz duro o teu rosto contra o rosto deles, e dura a tua fronte, contra a sua fronte... não os temas, pois nem te assustes com os seus rostos, porque são casa rebelde" (Ez 3.8,9). "Não é o servo maior do que seu senhor. Se me perseguiram a mim, também perseguirão a vós outros" (Jo 15.20). "Se o mundo vos odeia, sabei que, primeiro do que a vós outros, me odiou a mim" (Jo 15.18). "Se alguém dentre vós se tem por sábio... faça-se estulto para se tornar sábio" (1Co 3.18).

1- Pessoas importante ficarão ofendidas. É preciso cortejá-las e ganhá-las de modo atraente, porque elas podem desprezá-lo, e como ficará o seu respeito próprio?
2- "Não farei acepção de pessoas, nem usarei de lisonjas com o homem. Porque não sei lisonjear; em caso contrário, em breve me levaria o meu Criador" (Jó 32.21,22). "Não foram chamados muitos sábios segundo a carne, nem muitos poderosos, nem muitos de nobre nascimento" (1Co 1.26).

1- Se precisar falar do pecado, faça-o de forma sutil, de modo a não ofender muito as pessoas, principalmente entre os novos convertidos. Gaste tempo expondo-lhes as verdades bíblicas, amenizando-as tanto quanto possível.
2- "Maldito aquele que fizer a obra do Senhor relaxadamente" (Jr 48.10). "Antes, rejeitamos as coisas que por vergonha se ocultam, não andando com astúcia nem falsificando a palavra de Deus; e assim nos recomendamos à consciência de todo o homem, na presença de Deus, pela manifestação da verdade" (2Co 4.2). "Convém que eu faça as obras daquele que me enviou, enquanto é dia; a noite vem, quando ninguém pode trabalhar" (Jo 9.4).

1- Seja agradável aos que têm maior influência na igreja, pelo menos até que você esteja seguro. Caso contrário, poderá ficar à procura de trabalho, pois as igrejas ficarão amendrontadas consigo e não o convidarão. Então, como subsistirá? Uma abordagem mais sutil lhe garantirá um ministério mais amplo.
2- "E, como não podíamos convencê-lo, nos aquietamos, dizendo: Faça-se a vontade do Senhor" (At 21.14). "Que anuncio o fim desde o princípio, e desde a antiguidade as coisas que ainda não sucederam; que digo: O meu conselho será firme, e farei toda a minha vontade" (Is 46.10). "O homem fiel será coberto de bênçãos, mas o que se apressa a enriquecer não ficará impune" (Pv 28.20). "O temor do homem armará laços, mas o que confia no Senhor será posto em alto retiro" (Pv 29.25).

Não nos esqueçamos das promessas, advertências, do servir e testemunhar a Cristo em conformidade com a Seu Evangelho, assim como Pedro e João o fizeram diante dos seus acusadores: "Julgai vós se é justo, diante de Deus, ouvir-vos antes a vós do que a Deus; porque não podemos deixar de falar do que temos visto e ouvido" (At 4.19-20).

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28 agosto 2008

PREDESTINAÇÃO E GRAÇA

[João 21.18-25]
Por Dr. Rousas John Rushdoony*

"18. Na verdade, na verdade te digo que, quando eras mais moço, te cingias a ti mesmo, e andavas por onde querias; mas, quando já fores velho, estenderás as tuas mãos, e outro te cingirá, e te levará para onde tu não queiras.
19. E disse isto, significando com que morte havia ele de glorificar a Deus. E, dito isto, disse-lhe: Segue-me.
20. E Pedro, voltando-se, viu que o seguia aquele discípulo a quem Jesus amava, e que na ceia se recostara
também sobre o seu peito, e que dissera: Senhor, quem é que te há de trair?
21. Vendo Pedro a este, disse a Jesus: Senhor, e deste que será? 22. Disse-lhe Jesus: Se eu quero que ele fique até que eu venha, que te importa a ti? Segue-me tu.
23. Divulgou-se, pois, entre os irmãos este dito, que aquele discípulo não havia de morrer. Jesus, porém, não lhe disse que não morreria, mas: Se eu quero que ele fique até que eu venha, que te importa a ti?
24. Este é o discípulo que testifica destas coisas e as escreveu; e sabemos que o seu testemunho é verdadeiro.
25. Há, porém, ainda muitas outras coisas que Jesus fez; e se cada uma das quais fosse escrita, cuido que nem ainda o mundo todo poderia conter os livros que se escrevessem. Amém". [João 21:18-25]

A conclusão ao Evangelho de João não tem sido justamente exposta. Ela é impressionante! No v. 18, nosso Senhor diz a Pedro: quando eras jovem, fazia muito bem o que lhe agradava, mas, na tua velhice, outros farão contigo o que desejarem. Há uma sugestão de morte nas palavras de Jesus, de execução nas mãos dos outros. Pedro certamente entendeu que o significado era algum tipo de prisão e execução. Isso veio claramente como um golpe sobre Pedro. Ele olhou para João, e então perguntou a Jesus sobre o futuro dele: E o que será deste homem? A resposta de Jesus foi bem dura: “Se eu quero que ele fique até que eu venha, que te importa a ti? Segue-me tu” (v. 22).
De forma bem óbvia, as palavras de nosso Senhor pressupõem predestinação. É Ele quem ordena a vida de todos os homens, e Ele tinha decretado a vida e morte dos Seus discípulos. Sua declaração é enfática: “Se eu quero”. Tudo depende da Sua vontade soberana. Nem Pedro, nem qualquer outro discípulo disputa isso. Seu propósito predestinador difere de uma pessoa para outra, de forma que ninguém existe igualmente em Sua predestinação. Ele poderia decretar que João permanecesse vivo até a Segunda Vinda, embora não tenha feito isso.2 Sua advertência foi interpretada por alguns como isentando João da morte, um tolo mal-entendido. O que Ele
disse foi que Sua vontade é soberana, de forma que ninguém pode se queixar sobre sua própria porção. Como Paulo escreveu em 1 Coríntios 4:7: "
Porque, quem te faz diferente? E que tens tu que não tenhas recebido? E, se o recebeste, por que te glorias, como se não o houveras recebido?".
O que somos é parte do poder predestinador de Deus tanto quanto o que será de nós no futuro e na eternidade. Por conseguinte, a declaração dura de nosso Senhor: “Que te importa a ti?” Os propósitos de Deus para nós são determinados por Ele, não por nós.

Mas isso não nos absolve do nosso dever. A predestinação não significa que somos autômatos; somos criaturas responsáveis com uma responsabilidade e liberdade secundária. Portanto, nosso Senhor diz a Pedro: “Segue-me tu”. Isso Pedro pode fazer, como nós. No grego, a ordem das palavras é, “Tu – segue-me”. É pessoal e intensivo. Não devemos olhar para os tratamentos dos outros por Deus e então invejar as suas bênçãos. Somos todos chamados para servir numa esfera e modo particular, e estamos sendo também preparados para o nosso chamado eterno.
Mas isso é um problema, pois nossa era é uma que enfatiza a igualdade. Embora possamos estar plenamente cientes dos males do igualitarismo, ainda somos os filhos do nosso tempo, que anseiam por um nivelamento que nos favorecerá. Esse igualitarismo tácito é anticristão. Nossa compulsão em dizer “Por que, Senhor?” é errônea.

De novo, sem a predestinação não existe graça. Predestinação e graça são simplesmente aspectos diferentes da soberania de Deus. Se removemos de cena a eleição de Deus, temos então as obras auto-eletivas do homem, e nenhum evangelho.
João, por todo o seu Evangelho, enfatiza a soberania e a predestinação de Deus. Na conclusão, ele registra que Jesus confrontou os discípulos com esse fato. O que Ele disse a Pedro aplicava-se a todos. João poderia não morrer nas mãos de executores, mas seus sofrimentos não seriam menores que os de Pedro. A ilha de Patmos (Ap. 1:9), onde ele esteve como prisioneiro, era um lugar de trabalho escravo particularmente brutal que poucos sobreviviam.
Cada discípulo seria usado pelos homens exatamente como Deus ordenara, pois todos eram testemunhas de Cristo.

Nos vv. 24-25, João afirma que seu relato é atestado como verdadeiro.
Novamente, como em 20:39, João nos diz que mais livros poderiam ser escritos sobre Jesus que o mundo poderia conter. Sem dúvida, se um jornal diário tivesse sido mantido pelos discípulos, teríamos vários volumes extensos de relato detalhados.Mas isso não parece ser o que João quis dizer. O que sua linguagem em 20:30 e 21:25 nos diz é que descrever e explicar plenamente
Jesus Cristo é impossível: como a Palavra de Deus, Deus o Filho, Ele é, como o Pai e o Espírito, inexaurível.
Descrever plenamente um homem seria difícil, mas, porque o homem é uma criatura e é limitado, teoricamente isso poderia ser feito. Mas não é assim com Deus. Como pode alguém descrever ou compreender Aquele que é eterno, infinito e invisível, bem como todo-poderoso, sábio, santíssimo, absoluto e totalmente livre em todo o Seu ser? Compreender Deus requereria
de nós uma mente igual à de Deus. Embora Ele seja incompreensível, ainda podemos conhecê-lo verdadeiramente através da Sua revelação, pois Ele é totalmente auto-consistente em todo o Seu ser.
É a isso que João se refere, e é sobre isso que trata todo o seu Evangelho. Desde que João escreveu o seu Evangelho, o número de comentários sobre a vida de Jesus Cristo, estudos nos Evangelhos, obras teológicas sobre o assunto, e mais, tem crescido aos milhares. Todavia, cada
geração vê frescor em Sua relevância total, e nenhuma geração pode exaurir o Seu significado. João escreve, os cristãos ortodoxos sempre mantiveram, sob a inspiração do Espírito Santo de uma maneira única. Como em toda a Escritura, em João vemos as palavras que são dadas por Deus. Em João mais que em Mateus, Marcos e Lucas, a divindade de Jesus Cristo é tratada com
maior clareza, mas a palavra final de João é que o assunto é, como a Pessoa, inexaurível.
Mas João, em seu prólogo, nos dá um resumo (João 1:1-18) que toca como música. João Calvino escreveu certa vez que o Credo Apostólico deveria ser cantado, pois é música gloriosa.
Há outro fato curioso sobre o término de João. Marcos e Lucas concluem com a ascensão de Cristo. Mateus nos diz que os discípulos se reuniram no monte da ascensão, e embora ele conclua seu relato com a Grande Comissão, a ascensão está implícita. João não inclui a ascensão. Ele
nos diz sobre as muitas referências do Senhor à ascensão, mas a mesma não está registrada. Seu relato de Jesus Cristo apresenta-o como para sempre presente e, todavia, eternamente no trono de glória.
Duas vezes João nos diz que muita coisa permanece não dita sobre os sinais que Jesus “fez… na presença dos seus discípulos” (João 20:30s; 21:24s). Por que João não faz tal declaração no começo do seu Evangelho? Por que no final, em conexão com o relato da ressurreição, e Suas aparições posteriores? Os sinais eram milagres com um significado que revela o Evangelho. Nada revela mais claramente o Evangelho que a morte expiatória de Cristo e Sua ressurreição. Elas nos dizem que Jesus Cristo destruiu o poder do pecado e da morte. Portanto, João deliberadamente limita o número de milagres que ele registra, para apontar e concentrar-se na morte e ressurreição do nosso Senhor. O Jesus da história é Aquele que fez expiação por nós, morreu e ressuscitou. Sua vida não pode ser entendida à parte disso, nem podemos
conhecer Sua história em qualquer outra luz. Esse é o motivo do testemunho de João ser verdadeiro, e, enquanto livros enchendo a Terra pudessem não conter tudo o que poderia ser dito, o testemunho dado por João é fiel.
*Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto
Do Livro The Gospel of John, Rousas John Rushdoony, Ross House Books, p. 279-281.
FONTE:
http://www.monergismo.com/

18 agosto 2008

INFALÍVEL, INERRANTE E ETERNA







Pr. Júlio César de Salles

Sabemos que a Palavra de Deus não precisa ser defendida pelos homens, mas também não podemos negligenciar o uso da apologética em nossas vidas. Seria correto afirmar que a apologética é para nós e não para Deus, mesmo sabendo que no final a glória pertence toda a Ele. O que está em jogo não é nossa reputação, mas a glória de Deus, a infabilidade e a inêrrancia da Sua Palavra.

Em Salmos 138:2 , está escrito: "Inclinar-me-ei para o teu santo templo,e louvarei o teu nome pela tua benignidade,e pela tua verdade,pois engrandeceste a tua palavra acima de todo o teu nome”. Aqui vemos a importância da Palavra de Deus pelo fato d'Ele a ter exaltada até mesmo acima de Seu próprio nome. A Bíblia não contém a Palavra de Deus, ela é a Palavra de Deus! Nunca podemos limitar a Sua Palavra dentro de uma mera encadernação, mas reconhecer que Sua Palavra sempre existirá por toda eternidade.

Foi fato que durante o período da inquisição muitas Bíblias foram queimadas em praças públicas, mas este ato de vandalismo nunca invalidou o poder da Palavra de Deus. O seu conteúdo e poder transcende as meras páginas de papel. Deus fez um pacto consigo mesmo em colocar Sua Palavra acima de Seu próprio nome. Quando cuidamos de nossas Bíblias não estamos preservando um mero livro, mas reverenciando o nome do nosso maravilhoso Pai.

Um pacto deve conter no mínimo duas partes para que seja confirmado, mas neste caso, Deus fez o pacto consigo mesmo, em que Ele mesmo exaltaria a Sua Palavra acima de Seu próprio nome. Não poderia haver falhas. Deus jurou por si mesmo. O homem por ser pecador não poderia fazer parte desta aliança. Podemos observar como o salmista inicia o versículo: “Inclinar-me –ei”; no sentido de se fazer reverência à Palavra de Deus, reconhecendo toda a glória devida ao Seu santo nome. Este é o aspecto objetivo que comprova a veracidade da Palavra de Deus. O próprio Senhor Jesus disse: “O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não hão de passar” (Mt 24:35). Este é o caráter eterno da Palavra de nosso Senhor.

Além do aspecto objetivo, há também o aspecto subjetivo que comprova a veracidade da Palavra de Deus, a saber, a transformação que ela produz na vida dos homens. "Porque, assim como desce a chuva e a neve dos céus, e para lá não tornam, mas regam a terra, e a fazem produzir, e brotar, e dar semente ao semeador, e pão ao que come, assim será a minha palavra, que sair da minha boca, ela não voltará para mim vazia, antes fará o que me apraz, e prosperará naquilo que a enviei” (Is 55:10-11). Deus usa a vida das pessoas para testificar o poder de Sua Palavra. O profeta Isaías depois de fazer uma comparação usando o ciclo da natureza, prova desta maneira a veracidade da Palavra eterna. Assim como a água da chuva cumpre a sua tarefa de regar a terra e depois volta aos céus pelo processo cientificamente provado da evaporização, a palavra de Deus cumpre a Sua vontade na vida dos homens.

Não devemos interpretar como que todos responderão de maneira amistosa para com a Palavra de Deus. Esta vontade de Deus não só inclui àqueles que serão salvos, a saber, os eleitos, mas também àqueles que continuarão negando a Cristo como único salvador de suas vidas. Deus debaixo de sua grande soberania, nunca será pego de surpresa. Muitas vezes somos românticos com relação à vontade de Deus e inconscientemente concordamos com um falso evangelho, que prega uma salvação universal, interpretando este versículo como que todos responderão de maneira positiva ao evangelho da salvação.

O nosso padrão de avaliação é diferente do padrão divino. O profeta está nos mostrando que todo homem é indesculpável diante da sentença eterna de Deus, uns para condenação eterna e outros para vida eterna nos céus.

Mas isto não quer dizer que Sua Palavra falhará em seu propósito eterno. Assim como as leis da natureza não falham, a Palavra de Deus não falhará em seu alvo de mostrar a todo ser humano que existe somente um único Deus que exaltou a Sua palavra acima de seu próprio nome.

Dentro desta defesa de caráter subjetivo, podemos perceber a transformação que esta Palavra produz na vida daqueles que se entregam pela fé ao Senhor Jesus Cristo. "Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em justiça; para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra” ( 2Tm 2:16-17). Estas são as qualidades contempladas na vida de um cristão que se submete à autoridade da Palavra de Deus. São inúmeros casos de vidas transformadas pelo poder do evangelho.

Infelizmente há abusos sendo feito com a Palavra de Deus, mas este não será o nosso foco. O que queremos mostrar é que Deus tem feito grandes milagres nas vidas dos seus. Isto é uma prova subjetiva da autenticidade da Sua Palavra. O homem natural não entende as coisas espirituais. Nossas vidas são uma apologia do poder de Deus. Passamos a amar em vez de odiar, a edificar ao invés de julgar, a ajudar ao invés de destruir. E isso só é possível pelo poder da Palavra de Deus mediante o Espírito Santo que habita em nós. Vidas transformadas para a glória de Deus.

Outro fator que comprova a veracidade eterna de Sua Palavra é o princípio da lei da semeadura. Isso é comprovado tanto nas vidas dos salvos como dos não salvos. Ninguém está livre da grande lei da semeadura expressa na Palavra de Deus. Lemos no livro de Gálatas 6:7-10: “Não erreis; Deus não se deixa escarnecer; porque tudo que o homem semear, isso também ceifará. Porque o que semeia na sua carne, da carne ceifará a corrupção; mas o que semeia no Espírito, do Espírito ceifará a vida eterna. E não nos cansemos de fazer bem, porque ao seu tempo ceifaremos, se não houvermos desfalecido. Então, enquanto temos tempo, façamos bem a todos, mas principalmente aos domésticos da fé”. Até mesmo na vida dos não cristãos esse principio bíblico é confirmado pelo fato de que, quando essas pessoas são diligentes em qualquer área de suas vidas, elas são bem sucedidas no que fazem.

Tomemos por exemplo um adolescente que obedece aos seus pais, e se dedica aos estudos. Futuramente acabará colhendo mais oportunidades de um emprego melhor. Outros, simplesmente por honrarem aos seus pais, acabam desfrutando de uma vida mais longeva na presença do Senhor. Acabam por cumprir de uma maneira até mesmo inconsciente as palavras do livro de Êxodo 20:12: “Honra a teu pai e tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o Senhor teu Deus te dá”. É esplendido ver como os princípios bíblicos são eficazes para todos, mostrando desta maneira como a Palavra de Deus é eficaz em sua autoridade infalível. Este argumento subjetivo já seria o bastante para nos provar o caráter inequívoco das Santas Escrituras.

Lemos no livro de Obadias 15: “Porque o dia do Senhor está perto, sobre todos os gentios; como tu fizeste, assim se farás contigo; a tua recompensa voltará sobre a tua cabeça”. Nos ensinando que tudo que fazemos voltará sobre nós e que o homem é fruto de suas próprias decisões. Ouçamos o que o salmista nos diz: “Quem é o homem que deseja a vida, que quer largos dias para ver o bem. Guarda a tua língua do mal, e os teus lábios de falarem o engano. Aparte-te do mal, e faze o bem; procura a paz, e segue-a” (Salmos 34:12-14). Diante dessas declarações, está bem claro que o homem é incapaz de fazer o bem por si mesmo sem antes ter que pelo menos honrar os princípios éticos da Palavra de Deus. A regra áurea de Jesus de amar ao próximo como a ti mesmo, abrange todos os esforços de uma sociedade humana em busca de um bem comum, indo além de um ato feito ao próximo somente no sentido de se obter uma barganha de Deus, mas partindo da premissa em que todos as ações devem ser feitas de coração sem buscar interesse próprio.

Por isso cremos que quando praticamos o que Jesus nos pede: “que nisto conhecerão que sois meus discípulos se tiverdes amor uns pelos outros”; deste modo fazemos uma defesa da fé no sentido de provar que a Igreja é um mistério de Deus. Que quando tomamos o passo de fé e saímos de nossas casas para nos congregar, desta maneira provamos para o mundo que cremos no poder da Palavra do Pai. Para nós, cristãos, a atitude de sair do conforto de nossos lares e buscar um convívio com os irmãos, ao meu ver, já é um apartar-se do mal, procurar a paz e viver de uma maneira que testifica o poder da Palavra de Deus. Como dissemos no início, Deus não precisa ser defendido, mas a apologética é uma maneira bem simples de viver defendendo nossa fé.

Contato: prjuliosalles@hotmail.com

09 agosto 2008

CARTA A UM PASTOR ABERTO AO TEÍSMO RELACIONAL










Por Jorge Fernandes

Sinceramente, não gosto da sua "teologia relacional", pois não há traços bíblicos nela mas essencialmente humanísticos, travestidos de cristianismo simplesmente pelo citar a Cristo, da mesma forma que cita, em profusão, os filósofos existencialistas e teólogos modernosos adeptos do marxismo/teologia da libertação (e Deus nem mesmo chega a ser uma inferência, visto que a sua base doutrinária é antropocêntrica). A sua arrogância e desprezo para com as outras "teologias", em especial à ortodoxia (e o tom pejorativo e muitas vezes jocoso com que as repele; o mesmo tom pelo qual se julga perseguido), mostra o quão distante está do amor de Cristo que diz buscar. Não há como ser igual a Cristo, excluíndo-O.
Creio que o grande erro dos cristãos liberais (?), dos modernos e pós-modernos evangelicalismos é o desprezo pelas coisas de Deus, o desprezo pela Sua Palavra, é não aceitar a Sua imutabilidade, e crer que Ele se parece conosco, ou podemos ser como Ele. A menos que nos despojemos da nossa natureza (inclusive intelectual: "Porque a palavra da cruz é loucura para os que perecem; mas para nós, que somos salvos, é o poder de Deus. Porque está escrito: Destruirei a sabedoria dos sábios, e aniquilarei a inteligência dos inteligentes. Onde está o sábio? Onde está o escriba? Onde está o inquiridor deste século? Porventura não tornou Deus louca a sabedoria deste mundo?" - 1Co 1.18-20), e oremos pedindo-lhE que o caráter do Seu Filho seja forjado em nós, do contrário, não estaremos de forma alguma servindo-O como é o Seu desejo. Biblicamente, é possivel Cristo viver em mim sem que a minha natureza morra (2Co 5.17; Gl.2:20)?
Entristece-me ver em que estágio um pastor se encontra e pode encontrar-se, como lobo cruel a não poupar o rebanho (Atos 20.29 - e são muitos os que estão doentes, infectados pelo vírus diabólico da negação da Palavra de Deus). Não intento desmerecê-lo mas alertá-lo no amor do Senhor (sei que pareço pretensioso; mas é no amor de Jesus Cristo que lhe escrevo, ainda que não creia, ainda que não o aceite); suas aflições, inquirições e dúvidas apenas subsistem no homem natural, não em Deus ou na Sua Palavra, a qual é a ÚNICA VERDADE, bastando que se creia ("o que não depende do que quer, nem do que corre, mas de Deus, que se compadece" - Rm 9.16).
O seu agir está muito próximo de uma zombaria, desrespeito e irreverência para com Ele. Se olhasse mais para o Senhor, e menos para si mesmo, creio que a grande maioria (desculpe a redundância) dos seus problemas e dilemas estariam resolvidos. Quando o homem quer se fazer diferente ao buscar os "louros" para si, achando que pode tirar de Deus a glória que lhE pertence, tece uma teia na qual a presa é o próprio homem. Quando não O aceitamos como Ele é, revelado nas Escrituras, e conjecturamos sobre Sua vontade, caráter e pessoa humanisticamente, usando critérios extra-bíblicos (muitas vezes blasfemos e místicos), erramos duplamente: ao não reconhecê-lO através da Sua revelação (especialmente em Cristo e Sua obra salvadora e redentora), e ao não considerá-lO o Criador soberano, reto, santo e justo que é, e que desta forma revelou-Se nas Escrituras. Então vive-se nessa roda, um círculo maligno que o levará à perdição, a criar um deus factual, tangível... um molde de gesso, capaz de se quebrar à simples pressão dos dedos.
Orei muitas vezes pelo senhor, pedindo a Deus que lhe revele a Sua santa vontade, que os seus olhos sejam abertos para a Verdade; contudo, cada vez mais o vejo obstinado em salvaguardar os seus interesses (ainda que mascarados, pretensamente solidários, éticos, morais e justos; mas que levam ao engano, à crença em um deus fora das Escrituras, um deus revelado pela nossa natureza débil, inconstante, pecadora e maléfica), e a expô-los de forma virulenta, ainda que com disfarces líricos e poéticos; uma estampa aparentemente bonita para algo efêmero, mas ainda assim, extremamente nocivo, perigosamente letal. Pense no que diz Paulo em Romanos 1:24-25: "Por isso também Deus os entregou às concupiscências de seus corações, à imundícia, para desonrarem seus corpos entre si; pois mudaram a verdade de Deus em mentira, e honraram e serviram mais a criatura do que o Criador, que é bendito eternamente. Amém!".
A quem sirvo? Ao Criador Eterno e Senhor da história? Ou à criatura (ao forjar um deus à imagem e semelhança do homem caído)?
Que Deus tenha misericórdia de você, e leve-o ao arrependimento.

25 julho 2008

O MAIOR DOM DO EVANGELHO: DEUS!












Por John Piper

Em nossos dias – como em cada geração – é impressionante observar o afastamento do conceito de Deus mesmo como o dom de amor todo-satisfatório. É impressionante como raramente o próprio Deus é proclamado como o maior dom do evangelho. No entanto, a Bíblia ensina que o melhor e mais importante dom do amor de Deus é o desfrutar da beleza dEle mesmo. Uma coisa peço ao SENHOR, e a buscarei: que eu possa morar na Casa do SENHOR todos os dias da minha vida, para contemplar a beleza do SENHOR e meditar no seu templo” (Sl 27.4). O melhor e mais importante dom do evangelho é ganharmos a Cristo. “Considero tudo como perda, por causa da sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus, meu SENHOR; por amor do qual perdi todas as coisas e as considero como refugo, para ganhar a Cristo” (Fp 3.8). Este é o dom do amor de Deus, o dom que envolve todo o nosso ser e o recebemos por meio do evangelho: ver e experimentar o amor de Cristo para sempre.
Em lugar disto, temos transformado o amor de Deus e o evangelho de Cristo em uma aprovação divina de nosso deleite em coisas menos importantes, especialmente o deleite de sermos considerados importantes. O teste rigoroso do teocentrismo bíblico – e da fidelidade ao evangelho – é este: você se sente mais amado porque Deus o trata com muito valor ou porque, ao custo de seu Filho, Ele o capacita a regozijar-se em considera-lO importante para sempre? A sua felicidade depende de ver a cruz de Cristo como uma testemunha de como você é valioso ou como um meio de experimentar o quanto Deus é importante, para sempre? A glória de Deus em Cristo é o fundamento de sua felicidade?
Desde o primeiro pecado no Jardim do Éden até o Juízo Final, no Grande Trono Branco, os seres humanos continuarão a aceitar o amor de Deus como aquilo que nos dá tudo, exceto Ele mesmo. De fato, existem milhares de dádivas que fluem do amor de Deus. O evangelho de Cristo proclama as boas-novas de que Ele comprou, por meio de sua morte, inumeráveis bênçãos para sua noiva. Mas nenhuma destas dádivas nos levará ao gozo final, se não nos tiverem levado primeiramente a Deus. E nenhuma das bênçãos do evangelho será desfrutada por qualquer pessoa que não tenha o Senhor mesmo como a maior dádiva do evangelho.


O AMOR DIVINO É UMA APROVAÇÃO DA AUTO-ADMIRAÇÃO?
Uma triste realidade é que nossa cultura e nossas igrejas estão permeadas por uma visão de amor radicalmente centralizado no homem. Desde o tempo em que as crianças começam a dar os primeiros passos, lhes ensinamos que se sentir amado significa ser considerado muito importante. Temos construído todas as nossas filosofias de educação ao redor deste ponto de vista sobre o amor – currículos, habilidades paternais, estratégias de motivação, modelos terapêuticos e técnicas de negociação. A maioria das pessoas modernas dificilmente pode imaginar uma compreensão alternativa de sentir-se amado, exceto a de sentirem-se importantes. Se você não me trata como alguém importante, não está me amando.
Contudo, quando aplicamos a Deus esta definição de amor, ela enfraquece a dignidade dEle, minimiza a sua bondade e nos priva de nossa satisfação final. Se o desfrutar de Deus mesmo não é melhor e o mais sublime dom do amor, então, Deus não é o maior tesouro, o fato de Ele ter dado a Si mesmo não é a mais elevada expressão de misericórdia, o evangelho não é as boas-novas de que pecadores podem desfrutar de seu Criador, Cristo não sofreu para nos trazer de volta a Deus, e nossa alma precisa buscar algo além dEle para encontrar satisfação.
Esta distorção do amor divino em uma aprovação de auto-admiração é sutil. Introduz-se sorrateiramente em nossos atos religiosos. Alegamos que louvamos a Deus por causa de seu amor por nós. Mas, se o amor de Deus por nós é, na verdade, o fato de Ele nos considerar importantes, quem realmente está sendo adorado? Parece que estamos dispostos a ser pessoas centralizadas em Deus, enquanto Ele se mostrar centralizado no homem. Estamos dispostos a nos gloriarmos na cruz, contanto que a cruz seja um testemunho de quanto somos valiosos. Então, quem é a nossa glória e gozo?


O SUPREMO, O MELHOR, O FINAL E O DECISIVO BEM NO EVANGELHO
O evangelho de Jesus Cristo revela que esplendor é este. Paulo o chama de “a luz do evangelho da glória de Cristo, o qual é a imagem de Deus” (2 Co 4.4). Dois versículos depois, ele o chama de “a glória de Deus, na face de Cristo” (v.6).
Quando afirmo que Deus é o Evangelho, estou dizendo que o supremo, o melhor, o final e o decisivo bem no evangelho, sem o qual nenhuma outra dádiva seria boa, é a glória e Deus na face de Cristo, revelada para nosso gozo eterno. O amor salvífico de Deus é o compromisso de Deus em fazer tudo que for necessário para nos cativar com aquilo que é mais profundo, durável e satisfatório, ou seja, Ele mesmo. Visto que somos pecadores e não temos qualquer direito nem desejo de ser cativados por Deus, o amor de Deus estabeleceu um plano de redenção para dar-nos esse direito e esse desejo. A suprema demonstração do amor de Deus foi o envio de seu Filho, para morrer por nossos pecados e ressuscitar, a fim de que pecadores tivessem o direito de se aproximarem de Deus e o prazer de sua presença para sempre.
Para que seja boas-novas, o evangelho tem de prover uma dádiva totalmente satisfatória e eterna que pecadores indignos possam receber e destrutar. Para que isso seja verdade, a dádiva precisa ser constituída de três elementos. Primeiro – a dádiva tem de ser comprada pelo sangue e pela justiça de Jesus Cristo, o Filho de Deus. Os nossos pecados têm de ser cobertos; a ira de Deus contra nós, removida; e a justiça de Cristo, imputada a nós. Segundo – a dádiva tem de ser gratuita, não merecida. Não haveriam quaisquer boas-novas, se merecêssemos a dádiva, o dom do evangelho. Terceiro – a dádiva tem de ser o próprio Deus, acima de todas as suas outras dádivas.
Este livro seria entendido erroneamente, se fosse visto como uma minimização das batalhas que travamos em favor de uma compreensão bíblica dos caminhos e dos meios que Deus tem usado na consumação e aplicação da redenção. O fato de que este livro se concentra no infinito valor do alvo final do evangelho deve aumentar, em vez de diminuir, nossa determinação de não comprometer os grandes meios do evangelho usados por Deus para nos trazer até este momento.
O evangelho é as boas-novas de nosso gozo completo e final da glória de Deus na face de Cristo. O fato de que este gozo teve de ser comprado para os pecadores ao preço da vida de Cristo faz com que a glória dEle resplandeça intensamente. E o fato de que este gozo é um dom gratuito e imerecido faz com que a glória resplandeça ainda mais intensamente. Entretanto, o preço que Jesus pagou pelo dom e a gratuidade imerecida do dom não são o próprio Cristo, como a imagem gloriosa de Deus – visto e experimentado com gozo eterno.


VOCÊ SERIA FELIZ NO CÉU, SE CRISTO NÃO ESTIVESSE LÁ?
A pergunta crucial para nossa geração – e para cada geração – é esta: se você pudesse ter o céu, sem doenças, com todos os amigos que tinha na terra, com toda a comida que gostava, com todas as atividades relaxantes que já desfrutou, todas as belezas naturais que já contemplou, todos os prazeres físicos que já experimentou, nenhum conflito humano ou desastres naturais, ficaria satisfeito com o céu, se Cristo não estivesse lá?
E a pergunta para os líderes de igrejas é: pregamos, ensinamos e orientamos de tal modo que os crentes estejam preparados para ouvir esta pergunta e responder com um ressoante “Não”? Como entendemos o evangelho e o amor de Deus? Será que, juntamente com o mundo, temos deixado de ver o amor de Deus como a dádiva dEle mesmo para considerar este amor como um espelho que reflete aquilo que gostamos de ver? Temos apresentado o evangelho de maneira tal que o dom da glória de Deus na face de Cristo é secundário, em vez de central e essencial? Se temos feito isso, espero que este livro seja um instrumento de Deus para nos despertar, a fim de vermos o supremo valor e importância da “luz do evangelho da glória de Cristo, o qual é a imagem de Deus”. Espero que nossos ministérios tenham o mesmo ponto focal do ministério de John Owen, o grande escritor puritano do século XVII. Richard Daniels disse a respeito dele:
Havia um tema sobremodo importante para John Owen, o qual ele citava ampla e freqüentemente; e ao qual nos referimos como o ponto focal da teologia de Owen... ou seja, a doutrina que vemos no evangelho, por meio do Espírito Santo outorgado por Cristo, é a glória de Deus “na face de Cristo”, e por meio dessa doutrina somos transformados na imagem dEle.


AQUILO QUE O MUNDO MAIS NECESSITA
Quando celebramos o evangelho de Cristo e o amor de Deus, e enaltecemos o dom da salvação, devemos faze-lo de um modo que as pessoas vejam, por meio disso, o próprio Deus. Que os que ouvem, de nossos lábios, o evangelho, saibam que a salvação é o dom de ver e experimentar a glória de Cristo; e esse dom foi comprado com sangue. Creiam eles e digam: “Cristo é tudo!” Ou, usando as palavras do salmista: “Os que amam a tua salvação digam sempre: Deus seja magnificado!” (Sl 70.4). Não digam: “Magnificada seja a salvação!”, e sim: “Deus seja magnificado!”.
Que a igreja do Senhor Jesus confesse com intensidade crescente: “O SENHOR é a porção da minha herança e o meu cálice” (Sl 16.5); “Como suspira a corça pelas correntes da águas, assim, por ti, ó Deus, suspira a minha alma. A minha alma tem sede Deus, do Deus vivo” (Sl 42.1,2); “Estamos em plena confiança, preferindo deixar o corpo e habitar com o Senhor” (2Co 5.8); “De um e outro lado, estou constrangido, tendo o desejo de partir e estar com Cristo, o que é incomparavelmente melhor” (Fp 1.23).
De nada mais o mundo necessita além de ver a dignidade de Cristo através de obras e palavras de seu povo, o qual foi atraído por Deus. Isso acontecerá quando a igreja despertar para a verdade de que o amor salvífico de Deus é o dom de Si mesmo e de que Deus mesmo é o evangelho.
Do livro, “Deus é o Evangelho”, Ed. Fiel

08 julho 2008

QUEM PRECISA DE SALVADOR?










Por Francis Schaeffer

Deus julgará não só o que se encontra publicado nas manchetes, mas todas as mais secretas coisas. Toda aquela boa gente. Todos aqueles que atiram pedras. Todos aqueles que escrevem os editoriais.
Mais uma vez é preciso recordar o contexto disso tudo. As pessoas dizem “Por que eu estou sob a ira de Deus? Será que Deus é justo em condenar-me?” E Deus diz: “você não consegue imaginar um bom motivo para estar sob a minha ira?” “ Ó homem”, (Rm 2.1), olhe bem para você. Será que isso não é justo (Rm 2.2-16)?
O julgamento será realizado por Deus, mas ele também será realizado “por meio de Jesus Cristo” (Rm 2.16), o juiz da humanidade. Isso poderia ser uma surpresa. Você certamente já encontrou pessoas que dizem: “Eu acredito em Deus, só não acredito em Jesus Cristo”. Mas a terrível verdade é que, quando homens e mulheres não salvos forem chamados para comparecer diante de Deus para julgamento e o encararem, eles só verão uma dentre as pessoas da Trindade como juiz, e esta será Jesus Cristo. Uma das expressões mais imponentes de toda Bíblia é a “ira do Cordeiro” (Ap 6.16). Em Romanos, Paulo fala da ira de Deus, mas em Apocalipse João se refere à ira do Cordeiro. A pessoa da Trindade que veio e muito sofreu para que as pessoas não tivessem mais de ser julgadas, será o seu juiz. A pessoa que tenta chegar-se a Deus sem passar por Jesus Cristo terá que estar face-a-face com Jesus no dia do julgamento. Certamente Jesus foi “tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado” (Hb 4.15); portanto, ele sabe muito bem o que é a tentação e ele compreende nossa humanidade. Mas isso não ameniza em nada a terrível verdade de que ele nos julgará. Jesus, o Salvador do mundo, será igualmente o seu juiz. “Não me envergonho do evangelho de Cristo”, diz Paulo. Mas agora ele acrescenta: Cristo é também o juiz. Não apenas não há outra forma de se chegar a Deus, a não ser por meio de Jesus Cristo, como o próprio Cristo declara (Jo 14.6), mas também que todos os que tentam, de alguma forma, pular esta etapa, não conseguirão, pois Jesus Cristo estará parado bem ali, na condição de juiz. Jesus diz: “Vinde a mim todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei” (Mt 11.28). Mas quando alguém diz: “Não quero ter nada a ver com você: posso muito bem comparecer diante de Deus diretamente, com as minhas próprias pernas, sem mediador, sem qualquer Messias sofredor”, isso seria como se estivesse tentando ascender diretamente aos céus, passando por cima desse Jesus Cristo. Acontece que não conseguirá fazer isso, porque lá está Jesus Cristo, o juiz. Ninguém que já tenha passado por essa vida foi capaz de escapar do relacionamento com Ele. De duas, uma: ou este relacionamento será o de salvação, conforme Paulo descreve em Rm 1.16, ou então será o relacionamento que ele descreve em 2.16 – o relacionamento de uma pessoa condenada e o seu juiz.
O profeta Miquéias disse “sofrerei a ira do SENHOR, porque pequei contra ele” (Mq 7.9). Jesus suportou a indignação do nosso pecado na cruz. Mas, se falhamos em aceitar isso, só nos resta o outro lado da equação – teremos de suportar a indignação do Senhor por nós mesmos.
Até mesmo as pessoas de hoje que se gabam por não acreditar em absolutamente nada certamente olham para outras pessoas com ar de superioridade e as condenam. Mas Paulo está nos mostrando que o pecado é universal. Todos nós nos apresentamos condenáveis diante de Deus. Nenhum de nós pode ser arrogante por causa de alguma “montanha sagrada”(Nota: o autor alude ao versículo de Sofonias 3.11) que possamos reivindicar. Qualquer coisa que seja um motivo para nos tornar mais soberbos não passará de mais uma razão para julgamento ainda maior.
Paulo declarou que tanto os gentios quanto os judeus de seus dias estavam sob a ira de Deus. Em Rm 3.9-20 ele dirá a mesma coisa, em maiores detalhes, chegando ao ponto mais alto com esta conclusão tão citada: “pois todos pecaram e carecem da glória de Deus”(Rm 3.23), que é uma outra forma de dizer que “todos estão sob a ira de Deus”. Ou como em Isaías: “Todos nós andávamos desgarrados com ovelhas” (Is 53.6). Quem precisa de Salvador? O gentio pecou; o judeu pecou. O homem sem a Bíblia pecou; o homem com a Bíblia pecou. Quem precisa do Salvador? A resposta nos parece agora bastante simples, não é? Todo mundo, homens e mulheres, precisam do Salvador! E, se quisermos viver no mundo como ele é, e não em algum mundo de faz de conta, teremos de vir sob estas condições. Quando as pessoas nos perguntam: “Quem precisa de Salvador?”, devemos responder muito calmamente, muito sobriamente, e com real compaixão que “todos pecaram e carecem da glória de Deus”.
Quando consideramos que Paulo estava falando de todos os judeus e de todos os gentios como sendo pessoas igualmente pecadoras aos olhos de Deus, é importante que nós, os cristãos de hoje, não olhemos para trás, para os leitores do primeiro século, como se nos encontrássemos acima deles. Como Paulo nos lembra em Efésios 2.3, nós “éramos por natureza filhos da ira”, não passávamos do pior e mais desnorteado tipo de pecador. Todos nós temos estado sob a ira de Deus. Se tivermos aceitado Cristo como nosso Salvador, a ira de Deus já não estará mais sobre nós. Mas isso não se deve a alguma coisa de nós mesmos, alguma coisa que esteja embutida em nossa herança genética, ou em nossa cultura cristã. Se não estamos sob a ira de Deus neste preciso momento, isso se deve tão somente ao fato de que, devido à sua graça, Cristo morreu por nós e, igualmente pela sua graça, nós o aceitamos como Salvador. Não podemos supor termos sido resgatados graças à bondade inerente de qualquer um que ainda se encontra sob a ira de Deus. Sempre que analisamos a ira de Deus contra o mundo pecaminoso, a postura certa é a que diz: “Eu já estive nesta posição eu mesmo, e lá eu mereceria estar, se não fosse a obra consumada de Jesus Cristo”. É somente no espírito desta humilde constatação que ousamos prosseguir com nosso estudo de Romanos.
Pense em todas as vantagens que temos no norte da Europa e América do Norte. A possibilidade de comprar uma Bíblia em qualquer loja da esquina. Uma literatura cheia de referências à Bíblia. Se os judeus foram condenados por não terem crido, apesar de todas suas vantagens, o que Deus não teria a dizer sobre as nações “Cristãs” de hoje? Se os judeus tiveram alguma vantagem, quanto maior é a nossa! Se Deus condenou os judeus por sua falta de resposta adequada, que tenha misericórdia de nós!
Nós que temos a Bíblia hoje somos ainda mais condenáveis do que as pessoas de hoje que não têm a Bíblia – que se limitam ao testemunho da sua consciência. Mas nós também somos mais condenáveis do que aqueles que tinham a Bíblia nos dias de Paulo. Ter todas estas vantagens e não crer, ter estas vantagens e se desviar de Deus, ter estas vantagens e ainda assim dar motivo para que o nome do Deus vivo seja blasfemado. Que desculpa podemos ter? De que jeito imaginamos escapar disso? Se os jovens de qualquer lugar nas nossas universidades, e só o que aprendem é como serem mais pretensiosos e mais ateístas, deveríamos ficar surpresos quando Deus olha para nós e diz: “Vocês estão debaixo da minha ira!”?
Se há algum povo por toda a história que desesperadamente necessitou do Salvador, este povo somos nós mesmos, a nossa cristandade ocidental dos dias de hoje.
Do livro “A Obra Consumada de Cristo”, Ed. Cultura Cristã.

04 julho 2008

TEOLOGIA DA PROSPERIDADE










Por Celso Sousa*

I. INTRODUÇÃO
No início do século XX, a partir das grandes guerras que assolaram as grandes potências, surge no cenário internacional respostas ao fracasso da razão e a crise do sistema religioso.
Em busca dessas respostas, houve um acentuado aumento da especulação no sistema teológico, tais como as teologias 'do Processo', 'da Esperança', 'da Morte de Deus', 'da Libertação”, dentre outras.
O surgimento de fragmentos teológicos sem controle, gerou diversidade no foco, objetivo e propósito da exposição da Palavra de Deus. Tais focos não são mais os mesmos que a história do cristianismo ou a teologia bíblica propôs ao longo da sua trajetória: Deus, o mundo imaterial, eternidade, Cristo, salvação. Agora, isso não é mais o cerne da mensagem cristã e sim os desejos e vontades humanas, aquilo que é palpável. A satisfação espiritual e eterna de um relacionamento com Deus foi trocada pelo aqui e o agora. Deus que era o centro passou a ser a periferia. O homem que era periferia para si mesmo passou a ser o centro.
Toda forma de doutrina estranha, não leva em conta os fundamentos lançados pelos seus fundadores.
Pretendemos analisar e contrapor os ensinos da mensagem pregada pelo Apóstolo Paulo, especialmente em Atos 17:15-31, com os ensinos da teologia da Prosperidade. Para tanto, buscaremos as bases históricas dessas teologias.
Queremos por meio de uma hermenêutica sadia analisar, à luz da Bíblia, os principais argumentos.
O autor tem como princípio de análise não a parcialidade, mas o envolvimento espiritual e intelectual, visando lançar luz sobre o assunto proposto.


II. TEOLOGIA PREGADA POR PAULO X TEOLOGIA DA PROSPERIDADE

Teologia da Mensagem Paulina
1) Público Alvo: Filósofos estóicos e epicureus - gentios.(18)
2) Base Teológica: Cristo Ressurreto.(31)
3) Como Deus é visto: Criador, sustentador, soberano.(24-25)
4) Deus em Si: Auto-suficiente.(25)
5) Alvo da mensagem: A necessidade humana da salvação divina.(30-31)
6) Necessidade humana: Vida espiritual.(30)
7) Essência da mensagem: Teocêntrica.(24-31)
8) Atitude Necessária: Arrependimento.(30)
9) O homem: Servo.


Teologia da Mensagem da Prosperidade
1) Público Alvo: Pessoas necessitadas, carentes em diversas áreas - 'Os excluídos'.
2) Base Teológica: Os filhos de Deus devem ser prósperos.
3) Como Deus é visto: Negociador
4) Deus em Si: Servo dos desejos humanos.
5) Alvo da mensagem: Desejos e caprichos humanos.
6) Necessidade humana: Vida material.
7) Essência da mensagem: Antropocêntrica.
8) Aitutde Necessária: '...tomar posse...'.
9) O homem: Sócio.


III. PÚBLICO ALVO DA TEOLOGIA PREGADA POR PAULO EM ATENAS - ATOS 17:15-31
O apóstolo Paulo era um homem de grande eloqüência, e detentor de grande conhecimento em sua época. Estudou com o Mestre Gamaliel, um dos mais respeitados de sua época.
Após uma experiência no caminho de Damasco, ele afirma ter visto o Cristo ressurreto. E que daquele momento em diante seria o portador de Sua mensagem, que afirma ele, recebeu do próprio Senhor Jesus Cristo.
Paulo, denominado apóstolo de Cristo, passou a ser um pregador itinerante, pregando o Cristo ressuscitado e a necessidade humana desse Cristo. Ele enfatiza o ministério, morte, ressurreição e ascensão desse Cristo.
Em atos 17:15-31, Paulo tem como ouvinte os gentios, principalmente, os filósofos epicureus e estóicos.
Os epicureus não estavam interessados com as questões metafísicas e sim em a matéria em movimento: o átomo. Seu fundador, Epicuro (300 a.c), foi quem criou o sistema religioso: o deísmo. Doutrina essa que afirma que Deus criou tudo, mas que não interfere na nossa realidade. Deus 'deu a corda no relógio', este não precisa mais do relojoeiro. Essa escola filosófica tem como base o prazer intelectual, a “gnôsis”. Sendo portando esses filósofos contrários ao ensino da teologia pregada pelo apostolo Paulo.
Os estóicos, por sua vez, tem como fundador Zenão. Dentro da realidade imaterial, metafísica, os estóicos acreditavam no determinismo dos eventos históricos. O homem só é realmente livre para aceitar o seu destino. Tem como sistema de pensamento o Panteísmo: Deus está em tudo e tudo é Deus. 'O mundo é o corpo de Deus e Deus é a alma do mundo'.¹
Sendo esse povo gentio, mais especificamente de Atenas, o apostolo Paulo direciona a mensagem do evangelho a um público que tinha como anseio o conhecimento puro e simples. O modo de pensar e os costumes eram obstáculos que precisavam ser transpostos sem deixar de lado a mensagem do Cristo Ressurreto, que era escândalo e loucura para seus ouvintes.
¹ R.N.Champlin.Teologia e Filosofia.Agnos.Vol. 2. pág.448.


IV. PÚBLICO ALVO DA MENSAGEM DA TEOLOGIA DA PROSPERIDADE NA CONTEMPORANEIDADE
Com o fracasso do racionalismo e a crise do sistema capitalista no tocante a resolver os problemas econômicos, sociais, existenciais e de identidade do ser humano, a volta à religião tornou-se uma constante.
Pesquisas feitas nos Estados Unidos mostram que existem duas vertentes históricas para o crescimento da teologia da prosperidade: O pentecostalismo e as seitas metafísicas.
Embora o pentecostalismo não seja o que gerou tal doutrina mas, serviu de refúgio durante muitos anos. Dentro dessa vertente cristã, a grande abertura para visões e revelações longe da Palavra já revelada na Bíblia, dá suporte à nova doutrina, cujos fundadores alegam ter recebido do próprio Cristo.
As seitas metafísicas que influenciaram a teologia da prosperidade, enfatizam a “confissão positiva”. Hoje não conhecemos essas seitas como antes, mas um modelo visível delas hoje é os ensinos da Nova Era (McConell, 1988).
Segundo a teologia da prosperidade, é inconcebível que os 'filhos do Rei' vivam na pobreza ou que sofram de algum mal físico. Esse argumento revela uma influência das seitas que pregam que o espírito domina sobre o corpo, logo, se somos filhos, nosso espírito precisa se portar de modo que nada de mal ocorra com o corpo.
Veja o que o marketing da teologia da prosperidade enfatiza:
Desemprego, caminhos fechados, dificuldades financeiras, depressão, vontade de suicidar, solidão, casamento destruído, desunião na família, vícios (cocaína, crack, álcool, etc.), doenças incuráveis (câncer, aids, etc.), dores constantes (de cabeça, coluna e pernas), insônia, desejos homossexuais, perturbações espirituais (você vê vultos, ouve vozes, tem pesadelos, foi vítima de bruxaria, macumba, inveja, olha grande), má sorte no amor, desânimo total, obesidade, etc. ... Nós! Sim, temos a solução para você! (Ultimato de 93,14).
Portanto, essa teologia surge como um auxílio aos pobres, necessitados e excluídos, que por estarem à margem da sociedade, precisam de uma mensagem que resgate seu senso de valor. Além disso, tem um forte apelo às necessidades vitais e anseios do homem. Talvez esteja aí a resposta para tanta popularidade.

V. BASES E ENSINO BÍBLICO DA TEOLOGIA PREGADA POR PAULO EM ATENAS - ATOS 17:15-31
Paulo, denominado apóstolo aos gentios, tinha a possibilidade e a competência de transformar seus ensinos em pura filosofia diante dos filósofos atenienses. No entanto, ele não teve essa pretensão diante de seus contemporâneos. Por mais que a vontade do povo grego fosse ouvir mais um pouco sobre filosofia, Paulo resolve pregar simplesmente a mensagem Cristã: Cristo ressuscitado e glorificado. Ao optar por esse viés ele não despreza os seus ouvintes e nem enfraquece o seu discurso, mas lança mão da cultura da época para explica-lhes o Caminho.
Apresentando Deus como Senhor sobre todas as coisas, e o Deus que criou tudo que existe, o apóstolo expõe que esse mesmo Deus se importa com a criação e foi por isso que Ele enviou um varão que morreu e ressuscitou dentre os mortos (teísmo x deísmo). Isso para os epicureus e estóicos era quase que inconcebível, pois, como um Deus pode se importar com a criação?
Vemos que a mensagem pregada em Atos 17:15-31, não perde a sua essência, mas que com sua simplicidade alcança novos solos e culturas, levando a necessidade vital à vida: o arrependimento. Olhando por esse prisma Deus e somente Ele se torna Senhor e o homem servo. Esse era o interesse de Paulo, mostrar que sem arrependimento e o reconhecimento de uma instância superior, eles, os gregos, ficariam nas trevas da idolatria.
E importante ressaltar que a mensagem pregada não é um sincretismo religioso, ou um discurso aos desejos humanos, mas às suas necessidades.
O apóstolo lança mão da cultura da Grécia para expor o Cristo puro e simples, não vacilando em colocar Deus como o centro da sua mensagem, sendo Ele mesmo o Auto-suficiente e soberano sobre tudo e todos.

VI. BASES E ENSINOS DA TEOLOGIA DA PROSPERIDADE
Ao contrario de alguns outros sistemas que prometem muito aos seus associados, mas, exigem um alto preço e renúncia de algumas coisas, ou até mesmo de sua própria vida (marxismo), a teologia da prosperidade é um apelo à ascensão fácil e rápida para quem quer ser alguma coisa no “mundo do ter”. Basta apenas que o seu 'associado' seja fiel e que suas doações sejam generosas na hora de colocar a mão no bolso. Como vimos acima (o caráter de seu publico alvo), não fica difícil saber o porquê de tamanho progresso desta doutrina.
A teologia da prosperidade tem um eixo que queremos analisar aqui. Trata-se de um tripé que consegue ser visível na contemporaneidade, e que foi fundamental para alcançar as mentes e os desejos do homem pós-moderno.
O primeiro eixo é a autoridade espiritual da mensagem. Para Hagin (um dos fundadores do movimento nos Estados Unidos, na sua forma embrionária), ele recebeu do Senhor varias revelações, chegando mesmo a ir ao céu e ao inferno por várias vezes. Em uma delas, o próprio Cristo revelou-lhe o segredo da fé contido em Marcos 11:23,24:
'(...) A essência dessa revelação era que, para obter resultados da parte de Deus, o fiel deve confessar em voz alta seus pedidos e nunca duvidar de que tenham sido respondidos, mesmo que as evidencias físicas não indiquem que a oração não tenha sido respondida. Uma vez feita à oração, o fiel deve afirmar constantemente a resposta, até que surja a prova (...)'
A autoridade espiritual, na teologia da prosperidade, fica centralizada entre 'os esclarecidos', enquanto a maioria da massa apenas ouve o líder cegamente. Sua autoridade não pode ser colocada em suspeita ou ser questionada, pois seria o mesmo que questionar a Deus.
Em segundo lugar, essa forma de 'evangelho' enfatiza em demasia as promessas de saúde e riqueza. Afirmam que 'se somos filhos, devemos ser prósperos'. Nessa forma de coerção dos desejos humanos, o homem precisa exigir seu direito de filho, porque o direito faz parte da promessa. Logo, Deus passa a ser escravo dos desejos humanos.
Ainda é proposta pela teologia da prosperidade, uma forma de pacto com Deus. Ele fará prosperar os caminhos do homem para que esse glorifique-O. Deus é colocado apenas como um banqueiro que precisa subornar o homem para que este o glorifique. Essa forma de relação tira a auto-suficiência do EU SOU, e dá ao homem todo poder.
Como se pode perceber, a ênfase é o antropocentrismo. Os caprichos humanos são colocados em relevo sobre o Ser divino. Jeová é colocado como sócio e o homem como aquele que pode, por meio de pressão ou chantagem (oração, jejum etc.), barganhar, e tirar proveito do Criador.
Em terceiro lugar, essa teologia é baseada no método da confissão positiva. Segundo Barnett, a 'confissão positiva' pode ser dividida em três partes: conhecimento, fé e confissão propriamente dita.
É preciso conhecer os direitos que Deus deu ao homem. A Bíblia é um contrato que Deus assinou e tem de cumprir. Trato é trato. Os filhos só sofrem porque não conhecem os seus direitos para poder exigir de Deus. A fé é o elemento que faz com que as coisas aconteçam, sendo exercitada cada vez mais pelo desafio aos seus fiéis, para que contribua com grandes somas de bens materiais para a igreja.
O outro aspecto é a confissão do que se crê. Para os teólogos da prosperidade, com a firmeza com que se acredita, deve-se confessar para que aconteça. Fica implícito, nessa teologia de auto-ajuda, que é o pensamento que materializa as coisas, já que Deus se transforma em servo.

VII. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Para o leitor atento, o pesquisador coerente, e o religioso fiel, ficou evidente, ao longo dessa pesquisa, que a Teologia da Prosperidade não passa de conceitos de “palhas”, como disse Lutero sobre os livros que não tinham nenhuma relevância teológica em sua época; podemos aplicar isso, atualmente, à teologia que retira o mérito de Deus e glorifica o homem (não como fato, mas como tentativa frustrada).
A teologia da prosperidade lança ao esquecimento a historia do cristianismo e o desenvolvimento da história da teologia. Além disso, parte da premissa de que a Bíblia é o manual em que aprendemos as promessas de Deus para assim pressioná-lO o quanto bem entendemos, a fim de realizar os nosso desejos.
Essa forma de fazer teologia tem simplesmente obscurecido as mentes e mutilado as almas que buscam uma solução efetiva para os seus problemas.
Ao contrario, a velha e boa mensagem do Evangelho de Cristo está sendo alardeada em alguns púlpitos nesse século XXI.
É inegável que a mensagem de Cristo, cujo fundamento é a Bíblia Sagrada e a tradição apostólica, é muito superior a Teologia da Prosperidade. Além disso, essa é permeada de engodos e desvios da Verdade. Enquanto aquela é e sempre será a verdadeira Esperança do homem caído.

* O autor é aluno da Faculdade Batista de Teologia em BH.